9.2.11

Léxico: «aquafone»

Será que quis dizer

      «Um concerto é um concerto, mas ter um(a) notável compositor(a) em palco faz dele um acontecimento. Agora, o compositor ir tocar... aquafone?? Mas é mesmo assim: Gubaidulina interessou-se pelo invento (1969) do americano A. Waters (um apelido bem a propósito...). De aço inoxidável e bronze, é um instrumento acústico em que o som é produzido por fricção de um arco. A base circular tem um conjunto de ressoadores com água no interior e dela sai, a toda a volta, um conjunto de varetas verticais de comprimentos diferentes afinadas segundo uma combinação diatónica e microtonal em duas escalas» («Um instrumento no mínimo bizarro», Bernardo Mariano, Diário de Notícias, 9.02.2011, p. 47).
      Todos os dicionários que consultei ignoram o vocábulo. O mais próximo que registam é «aquaforte». Não serve.
      (No programa Império dos Sentidos, da Antena 2, Paulo Alves Guerra disse repetidamente, contaram-me hoje, «Gubáidulina». Anteproparoxítona, hem? Temendo isso, Sofia Gubaidulina explicou no Centro Cultural de Belém que se pronuncia «Gubaidúlina».)

[Post 4418]

10 comentários:

  1. Anónimo9.2.11

    3 minúsculas observações para:
    1.ª lembrar mais uma vez, no couce processional de quem consumiu muito e o melhor do seu tempo a parafusar nestas questões magnas, que «bizarro» em bom português significa coisa bem diferente de estranho, extravagante, excêntrico, etc., como ainda alguns dicionários têm a honradez de advertir;
    2.ª alertar para a frequência com que se tem vindo a usar — eu diria abusar, — sobretudo na fala, do advérbio «agora» com o sentido de conjunção adversativa ou a caminhar para aí. Parece-me que os bifes é que normalmente faziam e fazem mais uso do seu «now» em passos destes...
    3.ª se o nome da compositora (que só de ouvir música ligeira, ainda que bem feita, fica doente, honra lhe seja!) fosse muito ouvido entre nós, e não se resolvessem a pôr-lhe o acento no 2.º «u», não tardaria muito a pronunciar-se como paroxítono.
    — Montexto

    ResponderEliminar
  2. Paulo Araujo9.2.11

    Fiquei curioso e encontrei o tal instrumento (waterphone), inventado por Richard Waters (vem daí o nome?) Alguém em Portugal, Pedro Leal, participa da história do instrumento, detalhado no sítio .
    A tradução, portanto, está adequada; o instrumento é bem estranho, extravagante, excêntrico, exótico, esquisito, esdrúxulo, singular, estrambótico, grotesco, insólito, incomum, estapafúrdio, estúrdio, etc, tudo que um francês chamaria simplesmente de, 'bizarre'.

    ResponderEliminar
  3. Anónimo9.2.11

    Amém, caro Pedro. E acrescente-lhe ainda talvez o mais insólito de todos: espiclodrífico. Portanto, nestes transes, necessidade de bizarro, nenhuma.
    - Mont.

    ResponderEliminar
  4. Anónimo9.2.11

    Aliás, Paulo. Peço desculpa.
    - Mont.

    ResponderEliminar
  5. Anónimo9.2.11

    Aliás, espiclondrífico. Enfim...
    - Mont.

    ResponderEliminar
  6. Anónimo9.2.11

    Se o instrumento não tem água e o inventor foi o senhor Waters, parece que não devia traduzir-se para aquafone (waterphone) mas apenas aportuguesar-se para waterfone, a exemplo do que fizemos com sousafone (sousaphone) e cordofone (chordophone). E também porque o w já faz parte do nosso alfabeto.

    ResponderEliminar
  7. Franco e Silva10.2.11

    Segundo o Diário de Notícias de ontem (9), o aquafone terá uma caixa de ressonância inferior de água; nela nasce um conjunto periférico de varetas de aço de diferentes alturas provocando varias tonalidades; será tocado com um arco.

    ResponderEliminar
  8. Obrigado, caro Franco e Silva. Vou acrescentar na descrição.

    ResponderEliminar
  9. Paulo Araujo10.2.11

    Em sendo assim, detalhe que não percebi na foto do instrumento, o nome aportuguesado me parece absolutamente correto.

    ResponderEliminar
  10. Anónimo10.2.11

    Aportuguesar é sempre correcto, caro Paulo. Deixe dizer quem diz.
    - Mont.

    ResponderEliminar