9.3.11

«Evocar/invocar», outra vez

Isto não acaba

      Carla Bernardino, do Diário de Notícias, entrevistou Jel, um dos Homens da Luta. «Há quem evoque, contra a vossa participação, razões de carácter político. O Festival da Eurovisão não permite a candidatura de temas desta natureza. Teme que isto possa acabar mal?»“Se não nos deixarem concorrer, apanhamos o avião e vamos”», Carla Bernardino, Diário de Notícias, 9.03.2011, p. 56). Perguntou mal. É o confusionismo endémico. E, neste caso, não é falta de escolinha, como afirma Montexto, mas falta de uso do dicionário (ou, segundo outros, do cérebro).

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21 comentários:

  1. Anónimo9.3.11

    Mais um tipo de confusão, já aqui objurgada:
    • Ainda no jornal das abóboras, Público, 08.III.2011, artigo editorial: «Foram detidas 17 pessoas, incluindo três jornalistas e um rapper que apelara à participação no protesto.»
    • No velhinho e honrado Morais, 1.ª ed., 1789: «Apelar, v. at. [...] § “Apelar
    para alguém”, socorrer-se a ele.»
    (Mas o impagável está em que, pelo visto, um dos detidos era o motorista do soba.)
    — Montexto

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  2. Não vem ao caso. Só uma pergunta: há aí alguém, português, que articule o p do vocábulo «ruptura»?

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  3. Francisco Agarez9.3.11

    Há aqui um que pronuncia o p de ruptura. Para distinguir de rotura, cujo o lê como u.

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  4. E o Francisco conhece mais alguém que o faça? Tem ouvido essa pronúncia por aí?

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  5. Anónimo9.3.11

    Eu também o pronuncio. Mas admito que, no meu caso, poderá ser influência subliminar do espanhol, que é o meu idioma de origem.

    Fernando Ferreira

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  6. Venâncio9.3.11

    Sempre pronunciei (e frequentemente ouço) ruptura. Serei um extraterrestre?

    Sendo-o ou não: faço um apelo para que assim se mantenha.

    *

    Acabo de ir ver no Houaiss. Frente a rotura, a preferência vai para ruptura. Ah, gandas brasileiros!

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  7. Venâncio9.3.11

    P.S.

    Aliás, acho graça imensa a o Helder introduzir algo «que não vem ao caso». Que é que, neste seu blogue, não vem ao caso?

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  8. R.A.9.3.11

    Eu cá, sempre digo /rutura/ quando leio "ruptura" ou "rotura" - digo da mesma maneira até por serem a mesma coisa.

    Mas o que parece interessar-nos é saber como escrever. Antes do AO90 escrevia-se "ruptura" e "rotura". Agora, seguindo o AO90, pode escrever-se "rutura" e "rotura"? ou vamos deixar deixar cair um deles?

    Fico ansioso por ler a opinião de Helder Guégués.

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  9. Bem, o VOP do ILTEC, adoptado, para já, para o sistema de ensino e para a Administração Pública, regista que «ruptura» é a grafia do Brasil, sendo desaconselhável em Portugal. E não, Fernando, não é extraterrestre — ou também sou. E Fernando Ferreira, e Francisco Agarez...

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  10. Venâncio9.3.11

    R.A,

    Como o Houaiss (2a ed., de 2009) está feito segundo o AO, temos de inferir que, no Brasil, ruptura (lido ruptura) é perfeito. É, até, de preferir.

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  11. Também digo ruptura. Ensinou-me uma professora de Economia no Liceu depois de lhe eu ter dito que derrota e rota (por mar) eram sinónimos.
    Cumpts.

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  12. Anónimo9.3.11

    E eu. Mas entretanto consultei 5 pessoas, uma respondeu que pronunciava o «p», outra talvez ou «pouco», as restantes não. Mas o que eu digo é que, em português, letra escrita é letra pronunciada, com mínimas excepções; o mais é loucura.
    — Montexto

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  13. Sendo assim, o ILTEC cometeu aqui uma perfídia imperdoável. Eu quero ter a minha pronúncia representada! Fernando Venâncio, já não pode continuar a tecer-lhe louvaminhas...

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  14. Francisco Agarez9.3.11

    Esqueci-me de confessar que também digo o p do interruptor e do corruptor e das conversas ininterruptas

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  15. Lucas Lindegaard, como é pronunciado «ruptura» aí em Moçambique?

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  16. Venâncio9.3.11

    O ILTEC é uma equipa séria. Maria Helena Mira Mateus, Margarita Correia, que mais desejaríamos?

    Mas não é necessariamente irrepreensível. Esperemos que, lá, alguém o leia, Helder. Parece-me, até, muito crível.

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  17. R.A.9.3.11

    Estatística inventada: metade dos que dizem pronunciar o p, em "ruptura" e em "interruptor", só o dizem porque se lhes pergunta e não gostam do AO90...

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  18. Venâncio10.3.11

    Parece-me uma estatística muito tendenciosa. Mas eu sei quanto os defensores incondicionais do AO, por essa Internet afora, têm um posicionamento ideológico. Falando claro: são fanáticos. Sei-o, porque debato, de há anos, com eles.

    Nunca na vida (e já vai longa) ouvi a um português «interrutor». Ou «interrução». E, que eu saiba, nenhum brasileiro o diz também.

    Poupe-nos, por favor, R.A.

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  19. Venâncio10.3.11

    P.S.

    Para os defensores incondicionais do AO, aqueles que o denunciam fazem-no porque são "retrógrados", porque são "nacionalistas portugueses", e juízos de intenção semelhantes. Não lhes passa pela cabeça que a coisa esteja simplesmente mal arquitectada.

    A dupla grafia como princípio é um puro absurdo. Na realidade, nem um só brasileiro grafará confecionar, ou espetador, rececionista "porque, valendo isso para Portugal, é permitido para todos".

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  20. Prezado Venâncio,
    Eu não “lhes” chamo retrógrados. Sou mais benigno e acho que muitos opositores são apenas reacionários. Por favor não se ofenda. Admito, sem esforço, que o AO é imperfeito e muito gostaria que rapidamente fosse alvo de uma revisão inteligente (entrando em vigor pleno sem essa revisão imediata, receio que só possa ser revisto muitos anos depois).
    Poderá ser de estar há muitos anos no estrangeiro e isso o condicione mas, acredite, o p de interruptor é mesmo mudo cá na quotidiana fala nortenha.

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  21. Venâncio10.3.11

    Caro R.A.,

    Admito que se desenhe uma deriva de emudecimento do P de «interruptor» (mas não de «interrupção», não é?). Como, igualmente, se desenha uma deriva para a prolação do C de «espectador», de «expectante» e outros, o que não é menos coisa de espantar. Em «expectável» continua, como sempre, a soar.

    Tudo razões para terem sido mais ponderadas as mudanças na grafia deste (enorme) grupo de palavras. E para não fazê-lo sem uma alargada discussão no seio dos profissionais portugueses. O que não aconteceu.

    Quanto à minha distância física: não lhe atribua demasiado. Sou um bom ouvinte. E ouço muito, por meus pecados.

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