tag:blogger.com,1999:blog-20350584.post6704410672676791223..comments2023-12-30T19:29:57.639+00:00Comments on Assim Mesmo: Ortografia: «dervixe»Helder Guéguéshttp://www.blogger.com/profile/13345467045471633041noreply@blogger.comBlogger1125tag:blogger.com,1999:blog-20350584.post-50996701990917253642010-11-20T11:38:56.249+00:002010-11-20T11:38:56.249+00:00Os dicionários bem-procedidos costumavam dar algun...Os dicionários bem-procedidos costumavam dar alguns avisos à navegação de quem curava de escrever com alguma pureza (escrever com prureza nos dias de hoje, meu Deus ! Haverá ouvidos para isto, afora os de mercador ? pergunta-se, mas por mera retórica – hoja as teclas mesmas resistem a grafá-la...), e lá iam indicando, entre outros casos, que a forma portuguesa de dizer a coisa era «daroês» ou «daroez», e tachavam «dervixe» e suas variantes gráficas de galicismo.<br />Exemplos :<br />A Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira regista : «Derviche, s. m. Gal. O mesmo que daroez (v.).» «Daroez: Religioso maometano que faz parte de uma comunidade. [Seguem-se abonações colhidas na Peregrinação, de Fernão Mendes Pinto, e nas Cartas Persas, de Montesquieu, na versão de Mário Barreto.] * Do ár. persa daruix. Até séc. XVII usaram os Franceses, e ainda hoje usam os Ingleses, a forma dervis (v. Adiante darviz e derviz), depois, vulgarizou-se entre os primeiros a forma derviche, e foi o bastante para que passasse a empregar-se entre nós, com esquecimento da forma portuguesa.»<br /> E assim já o Dicionário Prático Ilustrado, da Lello & Irmãos, Editora, 1963, consigna: «Dervixe, s. m. (ár. daruix): A forma portuguesa, embora desusada, é daroês. Religioso maometano.» Mas vai registando e precisando, para quem lhe interesse: «Daroês, s. m. O mesmo ou melhor que dervixe.» <br />Ulimamente esta prática tem vindo a cair em desuso, favorecendo o destino triunfante dos estrangeirismos, que parece ser o de escorraçar sistematicamente todo o vocábulo nacional que tenha a veleidade de lhe fazer sombra, como na prática sucedeu a «daroês» (que cuido que já nem assoma nas mais «jovens» edições do Dionário da Academia (da Academia, desuses imortais!) e da Porto Editora, mas também a «alcorão» e «almenara» praticamente excluídos por «minarete», «almuadem» por «muezim», etc. E assim se vai lançando a prata da casa para o cesto do lixo, substituindo-a pelo metal ou pechisbeque alheio, sempre mais brilhante aos olhos do vulgo tanto profano como letrado, e até mais deste do que daquele. Sic transit...<br />Ide lá ao francês saber quantas pavavras portuguesas expulsaram as dessa língua. Aí está bom assunto para dissertações e teses. <br />- MontextoAnonymousnoreply@blogger.com