18.6.09

O elemento «anti-»

Culpa da Lusa?


      Lamento sempre quando algum jornalista se limita a copiar, e bastas vezes mal, a fonte para a notícia que redigiu. Valha este caso: «O sol, as sardinhas e o salmão são algumas fontes de vitamina D, uma substância que ajuda a prevenir doenças como o cancro, as depressões, a demência, a esquizofrenia, o raquitismo e os enfartes, alertou o especialista norte-americano Michael Holik no II Congresso Ibérico de Medicina Anti-Envelhecimento, em Vilamoura» («Sol, salmão e sardinhas ajudam a prevenir cancros», Público, 7.06.2009, p. 14). O jornalista tem obrigação de saber que o elemento anti- se aglutina com o elemento seguinte, excepto quando este tem vida própria e começa por h, i, r ou s, separando-se, neste caso, por hífen. Logo: antienvelhecimento. Sim, é isso mesmo que estou a afirmar: o jornalista deve estar a borrifar-se para o nome «oficial». Por outro lado, o jornalista tinha obrigação de pesquisar o nome do especialista citado. Dá-se o caso de existir um Michael Holik, mas é outro macaco qualquer, não o professor de Medicina, Fisiologia e Biofísica e director do Centro Médico da Universidade de Boston (BMC). E mais: pergunto-me se não será ambíguo afirmar que o especialista é norte-americano, quando é canadiano. (E sim, sei o que registam muitos dicionários: de ou relativo aos naturais de qualquer dos países que constituem a América do Norte [Canadá, Estados Unidos e México].)

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