3.3.11

Regência de «sobrepor»

Enfatuamentos

      A edição de ontem do programa Histórias Assim Mesmo, de Mafalda Lopes da Costa, foi dedicada à história da cortiçada da Lua de Proença-a-Nova. Um excerto: «Da escolha de Cortiçada [antiga designação de Proença-a-Nova] para designar a povoação, surge como óbvio que terá tido tudo a ver com a grande riqueza corticeira da região, mas o que por Proença-a-Nova se conta é toda uma outra história. Segundo a lenda, em tempos muito remotos, a população da vila ter-se-á enfatuado de tal forma com a Lua, que, querendo alcançá-la, construíram uma gigantesca torre, sobrepondo cortiço sobre cortiço.»
      Já aqui (e aqui) vimos a construção «todo um». E é claro que a regência do verbo sobrepor está errada: sobrepõe-se isto àquilo, não sobre aquilo.


[Post 4511]

6 comentários:

  1. Anónimo3.3.11

    Havia de ficar castiça a tradução de Nada menos que todo un hombre, de Unamuno, feita pela boa da Senhora!...
    (De «terá tido tudo a ver com a grande riqueza corticeira» já não vale a pena dizer nada...)
    — Montexto

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  2. Anónimo3.3.11

    Agora deixou-me uma dúvida: àquilo leva acento? Por mim, gostaria que o levasse, como gostaria que se tivesse mantido o trema. Se os acentos gráficos servem para se distinguir os modos de pronunciar as palavras, parece que em lugar de se suprimir acentos se deveria pô-los onde fazem falta (o trema, ao que julgo, não será acento, mas que agora passe por isso).
    Pensando melhor, será assim? Já não percebo nada disto: o que é feito de palavras como glicemia, alcoolemia, leucemia, paresia dislipedemia, e outras que tais, que passaram a glicémia, alcoolémia, leucémia, parésia, dislipidémia, quando não levam acentos?

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  3. Anónimo3.3.11

    àquilo (a + aquilo)
    Contração da preposição "a" com o pronome demonstrativo "aquilo".

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  4. Anónimo3.3.11

    Esclareça-se outrossim que aquelas palavras, para quem ainda saiba quem é, cujo é, e donde, não passaram a coisa nenhuma: continuam e devem continuar a escrever-se sem acento e a pronunciar-se como paroxítonas, com a sílaba tónica na penúltima, no «mi»: ex: grafa-se «alcoolemia», pronuncia-se «alcoolemía», e não se escreve nem pronuncia «alcoolémia». Enfim são graves... como este caso.
    — Montexto

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  5. R.A.3.3.11

    Mais um exemplo da pronúncia de Lisboa! Vá lá convencê-los a dizer /glicemía/, mesmo que digam /anemía/...

    Hemiplegia ainda aceitam, os sulistas, mas quando dizem hemiparesia, lá lhes sai /hemiparésia/!

    Eu já desisti de os repreender mas corrijo-os sempre que posso.

    São os mesmos que não sabem dizer "pontuação" e dizem "score", nem "grave" e dizem "severo".

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    Ui! Dou comigo a generalizar - pecado que tanto desprezo! Não são todos os sulistas e lisboetas, são só alguns... decerto muitos, mas não todos...

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  6. Lá está vossemecê... Emendou a mão. Mas já estava a pôr-se a jeito.
    Cumpts. :)

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