31.12.05

Ansiolítico

Mao Maria!

      Num conhecido restaurante vegetariano lisboeta. Entra um homem jovem, com um acentuado ar de intelectual, o que é reforçado com o facto de trazer dois ou três livros nas mãos, entre os quais a flamejante biografia de Mao. Põe os livros sobre uma mesa, olha detidamente para o depósito que mantém sempre quentes duas variedades de chá (que estão identificadas com uma etiqueta, que refere também as propriedades: calmante, digestivo, etc.) e, perplexo, pergunta à empregada da caixa, que está próxima e com ar solícito: «O que é isto, “ansiolítico”?»
      Mentes brilhantes! Mas é natural: como se sabe, é muito mais provável conhecer-se os meandros da Revolução Cultural ― que digo? É até mais provável conhecer-se ao pormenor todas as circunvoluções cerebrais de Mao Tsé-tung ― do que saber o que é uma substância ansiolítica.

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