Revistas da moda
Veio ter-me às mãos um exemplar da revista Gente Jovem, relativa a Dezembro de 2005. Sem estar bem paginada, tem contudo o atractivo das imagens, com muito make up, muito design, cool things, muita fashion. É caso para dizer que, tendo muitas, deveria ter mais, pois quanto menos escreverem mais preservados ficarão os leitores. Abstraindo de tudo o resto, na última página publica uma banda desenhada, da autoria de Alexandre Algarvio, com erros que se vão incrustar no cérebro do leitor, sobretudo tendo em conta que se dirige a um público jovem. Comecemos por esta fala de uma das personagens: «Vá minhas amigas podem pedir aqui à Mãe Natal o que querem no sapatinho!» E acabemos nesta: «Pois, mudamos muito… Dantes brincávamos com bonecas hoje queremos brincar com… bonecos!!!»
Meus meninos, já deviam saber que o vocativo («minhas amigas») vem sempre isolado por vírgulas: «Vá, minhas amigas, podem pedir aqui à Mãe Natal o que querem no sapatinho!» Como não deveriam ignorar que a primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo dos verbos da 1.ª conjugação (de tema em -a) se escreve com acento agudo (pronunciando-se com o a tónico aberto: /falámos/) para a distinguir da mesma pessoa do presente do indicativo (que se pronuncia com o a tónico fechado: /falâmos/). «Pois, mudámos muito… Dantes brincávamos com bonecas; hoje queremos brincar com… bonecos!!!»
2 comentários:
Atrevo-me a sugerir que make-up leva hífen... Make up será, por exemplo, «fazer as pazes», ou eventualmente «compensar (alguém por alguma coisa)» (?).
E quanto ao acento na «primeira pessoa do plural do pretérito perfeito do indicativo dos verbos da 1.ª conjugação (de tema em -a)»: nessa situação, «mudamos muito» até pode estar no presente. Por exemplo: «Pois, mudamos muito... [Basta ver que] dantes brincávamos com bonecas [e] hoje queremos brincar com... bonecos!!!»
Bastante mais por exemplo do que na resposta que lhe deu João Pedro Fonseca através do provedor do DN:
«Acho que é um exemplo de como uma falha [...] pode servir, se tivermos a humildade necessária para reconhecer que erramos, para proporcionar uma ligação mais forte aos leitores.»
Portanto, o DN vai criar uma secção «O DN ERRA», à semelhança do Público (mas sem conteúdo), e vamos todos ficar mais «ligados».
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