Guineenses
Agosto de 2005. Numa pensão de Caldelas, no coração do Minho. Um arauto do «antigamente-é-que-era-bom», passante dos 70 anos, pletórico de energia, pedia meças aos mais novos em matéria de conhecimentos gerais, em especial sobre as linhas e ramais de caminho-de-ferro e adjacências. Dantes é que o ensino era de qualidade, a 4.ª classe dele equivale ao 12.º actual. Ou seria a uma licenciatura? Num derivativo, enumerou com deleite obsceno os locais de Portugal por onde já passara, numa tentativa de alardear conhecimentos geográficos. Já dormira em Estremoz uma noite, já comera uma sande de torresmos em Moura, já bebera água da Fonte das Bicas em Borba, já urinara contra a muralha do castelo de Sortelha, já andara à chuva em Canal Caveira… Circunvagando o olhar arrogante pelos potenciais interlocutores, interpela uma jovem sobre a sua naturalidade. Da Guarda, diz esta. «Ah, guineense», berra, categórico. Pois, pois.
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