21.2.06

Léxico: tumulação; erro: há/à

Só a cassetete

A palavra do fim-de-semana passado foi, sem dúvida, «tumulação». Na RTP e na RDP, os jornalistas proferiam-na com um deleite quase obsceno, como quem diz: «Vejam, caros telespectadores, caros ouvintes, como eu conheço palavras magníficas! Não sou mesmo bom?» Não é não muito boa ideia fazerem-me tal pergunta. Aposto que a fonte foi algum comunicado da Igreja Católica a propósito da trasladação dos restos mortais da irmã Lúcia.

A outra imagem que, neste fim-de-semana, retive (espero que por pouco tempo) foi a do comandante da Divisão de Inspecção Criminal do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, comissário Dário Prates, que foi entrevistado no seu gabinete, onde à direita aparecia um ecrã de um computador em que se podia ler: «Diga não há violência.» Estou a perceber: o leitor é que pontua, como na frase «Morra Salazar. Não faz falta à Nação». «Ah, desculpe, senhor agente, esqueci-me da pontuação. Ora veja lá: “Morra Salazar? Não!! Faz falta à Nação”.» Agora é o agente da polícia que sugere, com um argumento metálico nas mãos: «Diga: não há violência.» E o cidadão diz, claro.

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