Estamos salvos
Aquilo a que o Diário de Notícias chama teaser, como tive oportunidade de escrever aqui no dia 4 de Janeiro («Estrangeirismo: “teaser”»), o 24horas prefere chamar, com muito mais acerto, «promoção». Vejamos, na edição de 22 do corrente, na página 41: «As promoções à estreia do “Gato Fedorento” na RTP1 já arrancaram.» «Santana Lopes já viu a promoção do Gato Fedorento em que aparece.» «Mas José Sócrates não quis comentar esta sua presença na promoção.» No mesmo artigo, mais vezes se usa o vocábulo «promoção», mas já se percebeu como é consistente o uso.
No mesmo artigo, surge também a redução vocabular «promo»: «O antigo primeiro-ministro conta que, na terça-feira à noite, viu a promo por acaso.» Todavia, e pese embora tratar-se de termo de jargão da área do marketing, este uso não me parece censurável, pois a língua já incorporou, sem mesmo termos plena consciência disso, outras reduções ou abreviações substantivadas, como será mais correcto designá-las: metro por metropolitano; zoo por zoológico; cinema por cinematógrafo, foto por fotografia, pneu por pneumático, quilo por quilograma, moto por motocicleta, etc. A língua francesa é rica nestas abreviações e nós, é claro, importámo-las, não já pelo paquete do Havre, mas imitando-as sem pejo nem remorso lendo revistas e jornais, vendo cinema e televisão e, a forma mais avassaladora, convivendo com os Franceses. Será este uso empobrecedor da nossa língua? Não creio: todas as formas continuam a usar-se e a estar registadas nos dicionários.