Povo que lavas no rio
À luz vespertina coada pelo vitral, pude vislumbrar algumas pessoas a orar na Igreja de Nossa Senhora do Amparo. A atitude de genuflectir, contudo, transportou-me para outras memórias. Naquela ribeira, as mulheres do povo lavavam a roupa antes de o lavadouro municipal, um edifício a lembrar a arquitectura das escolas do Plano do Centenário, ter sido construído na vila, no final dos anos 40. Também ali as mulheres se ajoelhavam, mas para lavar a roupa da família ou de alguma patroa rica. E onde se ajoelhavam elas? Pois num pedaço de cortiça ou numa joelheira, também por vezes chamada caixoto. Este não passava de um caixote a que se retirava uma das tábuas do comprimento, forrando-o por dentro com uma esponja ou uma almofada.