O Código de S. Paulo
Um leitor recomenda-me que eu aborde aqui «essa obra incontornável» (ou será «incontrolável?) que é O Código Da Vinci, de Dan Brown. Pronto, já abordei.
Já agora, aproveito o ensejo e digo mais qualquer coisa. Mais do que uma vez Jorge Luis Borges usa a metáfora do espelho, presente na Primeira Carta aos Coríntios, 13,12: «Videmus nunc per speculum in enigmate tunc autem facie ad faciem nunc cognosco ex parte tunc autem cognoscam sicut et cognitus sum.» O que é que S. Paulo nos quis dizer? Tem razão: talvez a tradução nos ajude. Lanço mão da versão dos Capuchinhos: «Agora, vemos como num espelho, de maneira confusa; depois, veremos face a face. Agora, conheço de modo imperfeito; depois, conhecerei como sou conhecido.»* A colocação sistemática, pese embora a génese do texto, dos versículos e o espírito do texto sugerem-nos que se trata do conhecimento que os homens têm de Deus, que agora (presente) é imperfeito; depois (futuro) será perfeito, pleno, graças à fé que nos permitirá contemplar Deus directamente. Enigmática embora, a metáfora do espelho sugere, pois, essa forma imperfeita, mediada, de conhecer a realidade. Nem sempre, porém, é assim. Lembremo-nos da palavra «ambulância» escrita — ao contrário — nos referidos veículos. Porquê ao contrário? Porque o retrovisor, um espelho, do nosso carro nos restitui, de forma perfeita, uma realidade pretendida e não enunciada.
* Tenho à minha frente uma preciosa edição, que comprei na Salvation Army, em Cambridge, do início do século XX da obra The New Testament, a New Translation, de James Moffatt (1870-1944), cuja versão diz: «At the present we only see the baffling reflections in a mirror, but then it will be face to face; at present I am learning bit by bit, but then I shall understand, as all along I have myself been understood.»
Um leitor recomenda-me que eu aborde aqui «essa obra incontornável» (ou será «incontrolável?) que é O Código Da Vinci, de Dan Brown. Pronto, já abordei.
Já agora, aproveito o ensejo e digo mais qualquer coisa. Mais do que uma vez Jorge Luis Borges usa a metáfora do espelho, presente na Primeira Carta aos Coríntios, 13,12: «Videmus nunc per speculum in enigmate tunc autem facie ad faciem nunc cognosco ex parte tunc autem cognoscam sicut et cognitus sum.» O que é que S. Paulo nos quis dizer? Tem razão: talvez a tradução nos ajude. Lanço mão da versão dos Capuchinhos: «Agora, vemos como num espelho, de maneira confusa; depois, veremos face a face. Agora, conheço de modo imperfeito; depois, conhecerei como sou conhecido.»* A colocação sistemática, pese embora a génese do texto, dos versículos e o espírito do texto sugerem-nos que se trata do conhecimento que os homens têm de Deus, que agora (presente) é imperfeito; depois (futuro) será perfeito, pleno, graças à fé que nos permitirá contemplar Deus directamente. Enigmática embora, a metáfora do espelho sugere, pois, essa forma imperfeita, mediada, de conhecer a realidade. Nem sempre, porém, é assim. Lembremo-nos da palavra «ambulância» escrita — ao contrário — nos referidos veículos. Porquê ao contrário? Porque o retrovisor, um espelho, do nosso carro nos restitui, de forma perfeita, uma realidade pretendida e não enunciada.
* Tenho à minha frente uma preciosa edição, que comprei na Salvation Army, em Cambridge, do início do século XX da obra The New Testament, a New Translation, de James Moffatt (1870-1944), cuja versão diz: «At the present we only see the baffling reflections in a mirror, but then it will be face to face; at present I am learning bit by bit, but then I shall understand, as all along I have myself been understood.»
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