Terminologia Linguística para os Ensinos Básico e Secundário (TLEBS)
Ainda hoje não compreendo a necessidade de se ter concebido uma nova terminologia linguística para o ensino. Passados meses, ainda nem sequer compreendo a nova terminologia. Como não sou professor, posso viver bem sem isso até ao fim dos meus dias, podem contrapor-me. Pois, mas vejo muitos professores que nem querem pensar que existe uma nova terminologia. Prosaicamente, diria que se estão a borrifar. Não foi — lembrar-se-ão estes professores e todos nós — Sócrates que afirmou que inaugurava uma nova prática política, não desprezando iniciativas de governos anteriores, antes aproveitando o que era de aproveitar? Se chegaram à conclusão de que a terminologia anterior precisava de ser revista, melhorada, adaptada, era isso que faziam. Faz lembrar os casais de novos-ricos que deitam para o lixo as mobílias de carvalho que herdaram e as substituem por móveis da Ikea. Há muitos professores que já não vão assimilar a nova terminologia, porque, afinal, não nos deixemos enganar, não se trata de palavras, mas de conceitos. Só uma nova geração de professores irá dominar este novo instrumento, mas com um custo considerável: o corte com o passado e com o que este tinha de bom. Por outro lado, os 48 % de jovens com 15 anos cuja competência de leitura é mínima não vão beneficiar nada com esta medida — eles serão os futuros professores. Como escreve Vasco Graça Moura, faz falta uma varredela.
Ainda hoje não compreendo a necessidade de se ter concebido uma nova terminologia linguística para o ensino. Passados meses, ainda nem sequer compreendo a nova terminologia. Como não sou professor, posso viver bem sem isso até ao fim dos meus dias, podem contrapor-me. Pois, mas vejo muitos professores que nem querem pensar que existe uma nova terminologia. Prosaicamente, diria que se estão a borrifar. Não foi — lembrar-se-ão estes professores e todos nós — Sócrates que afirmou que inaugurava uma nova prática política, não desprezando iniciativas de governos anteriores, antes aproveitando o que era de aproveitar? Se chegaram à conclusão de que a terminologia anterior precisava de ser revista, melhorada, adaptada, era isso que faziam. Faz lembrar os casais de novos-ricos que deitam para o lixo as mobílias de carvalho que herdaram e as substituem por móveis da Ikea. Há muitos professores que já não vão assimilar a nova terminologia, porque, afinal, não nos deixemos enganar, não se trata de palavras, mas de conceitos. Só uma nova geração de professores irá dominar este novo instrumento, mas com um custo considerável: o corte com o passado e com o que este tinha de bom. Por outro lado, os 48 % de jovens com 15 anos cuja competência de leitura é mínima não vão beneficiar nada com esta medida — eles serão os futuros professores. Como escreve Vasco Graça Moura, faz falta uma varredela.
9 comentários:
a nova geração de professores que já conhece há alguns anos esta nova terminologia (há nove anos atrás estudei-a eu na FLUP!!), nunca irá pô-la em prática, simplesmente porque o nosso sistema formou-os e baniu-os...
já agora deixe-me dar-lhe os parabéns pelo seu trabalho de esclarecimento linguístico.
Os professores que se preocupam em estudar já conhecem a terminologia há quase dez anos. É desde 1997 que ela aparece nos documentos orientadores.
O texto do Graça Moura nada acrescenta senão lugares comuns sobre a necessidade de melhorar as práticas de ensino.
Já dei aulas em oito escolas e o problema é sempre o mesmo: a generalidade dos meus colegas nem os programas conhece. Repetem as aulas que tiveram quando eram alunos ou não fazem mais do que seguir os manuais.
Não se culpe a TLEBS por isto. É atirar areia para os olhos do povo...
Que estranho: "a generalidade dos meus colegas nem os programas conhece".
Dou aulas há 22 anos e não tenho essa perspectiva.
De qualquer modo (e já que conselhos são grátis): as generalizações são fruto de análises apressadas.
Meu caro bloguista,
Você, como eu, preocupou-se em procurar entender os porquês desta nova terminologia.
Você, como eu, não os terá percebido!
No entanto, há sempre os iluminados que aceitam e acenam que sim, que tudo está bem...os outros é que não estudam, não conhecem programas, etc.
Recebi no meu blogue, "O Sino da Aldeia" - porque avisar é preciso, o comentário de um semi-an´nimo PauloM, cujo blogue se não encontra nem envia Email o seguinte :
"PauloM deixou um novo comentário sobre a sua postagem "A tragicomédia do momento no ensino da Gramática":
Vasco Graça Moura, como é habitual, comenta, mas não argumenta; adjectiva, mas não qualifica. E assim vai conquistando seguidores e adeptos. É curioso o facto de ter descido ao ponto de recrutar para os seus argumentos alguém tão desconexo como essa Maria do Carmo Vieira, a quem é dada tanta importância pelos escarcéus que arma.
É importante perceber o que é a TLEBS, antes de desatar a comentar.
Recomendo o site do Ciberdúvidas, que tem lá um debate da Antena 1 em que dois linguistas (João Costa e Inês Duarte) intervêm de forma clara sobre isto. A mim, ajudou-me a compreender e a desdramatizar.
Notem que até aqui o único a propor que existe algum ódio entre linguística e literatura foi o próprio Graça Moura, no que foi refutado, e bem, por vários linguistas.
De facto, precisamos de formação e a que temos tido é pouca, mas eu tive pelo menos uma experiência de grande qualidade."
Diz o senhor PauloM que o V.G.Moura só adjectiva e não argumenta.
Cita o Ciberdúvidas como se fosse a Bíblia.
E remata afirmando que teve uma experiência de grande qualidade sem dizer de que experiência se trata.
Envio-lhe estas palavras para que as possa juntar ao "seu" anónimo nº2, que insulta despudoradamente colegas em vez de dizer porque concorda com a sacrossanta TLEBS.
Peço desculpa pelo alongar desta minha intervenção.
Aceite um abraço de
Jorge Guedes, Professor e eterno estudante
P.S.- Gostaria que visitasse um dos meus blogues, lendo o artigo e intitulado "A tragicomédia do momento no ensino da Gramática", bem como os comentários lá publicados.
www.osinodaaldeia.blogspot.com
O problema da implementação da TLBS é igual ao de qualquer reforma educativa: começa-se sempre a construir pelo telhado e não pelos alicerces. Qualquer reforma deve ser iniciada no primeiro ano do ensino básico e não no décimo ano, além de, obviamente, se dever começar pela formação de professores e publicação de materiais, manuais correctos... Isto para não falar de se partir de certezas, pois quem criou a TLBS já se questiona em relação a certos conceitos e de se definir o que leccionar em cada nível ou ciclo de ensino.
Penso que não tenho formação suficiente para apresentar uma opinião concreta sobre a já muito controversa TLEBS, mas a meu ver (e segundo o que a minha professora de Língua Portuguesa diz) existem algumas... "ambiguidades" no campo da morfologia. É bastante provável, se não certo que os alunos que do secundário reestruturem os conhecimentos adquiridos desde o ensino básico. Mas com certeza será muito mais fácil a implementação das alterações feitas pela TLEBS para os alunos que só agora estão a dar os primeiros passos no campo da compreensão da Língua Portuguesa.
Cumprimentos de uma aluna do ensino secundário que tem um leve conhecimento sobre o assunto
Mas afinal o que é a TLEBS?? Desculpem a minha ignorância mas falar nos temas sem obedecer ao requisito minimo da sua definição. Não o que significam as letras mas sim o cerne da questão.Obrigada.
É isso mesmo que vou fazer, cara leitora.
TLEBS -Com tanto que há para fazer de útil por este país, não compreendo como um grupo de "iluminados", desbaratando ao longo de alguns anos impostos sacados a portugueses "paguintes", produziu mais uma quantidade de nada, para juntar àquele falado acordo ortográfico! Contribuiram sim com mais alguns pregos para o caixão deste país que não tem culpa de tanto desplante.
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