15.8.06

Tradução. Quão e quanto

Eu já vi isto

De vez em quando, gosto de trazer aqui casos reais de traduções do espanhol feitas por quem nem sequer conhece bem o português. Isto é tudo tão previsível: quando se deviam desviar do espanhol, não o fazem; quando, pelo contrário, as regras são iguais, querem afastar-se do espanhol. Vejamos este caso.
«A pesar de esta simplicidad de estilo y de su técnica severa, sin ninguna concesión amable, ¡cuánta belleza, cuán noble dignidad!» O tradutor, pois claro, tentou dar uma voltinha à frase, para soar a lídimo português: «Apesar desta simplicidade de estilo e da sua severa técnica, sem nenhuma concessão amável, quanta beleza, quanta nobre dignidade!» Azar o dele — e o nosso, que o corrigimos ou lemos. Aqui, quem não sabe?, deveria ter seguido o espanhol, que o mesmo é dizer o português, que nisto são línguas irmãs, e escrito «quão nobre», pois que se trata de um advérbio de intensidade seguido de um adjectivo. Junto de um substantivo seria, nesse caso sim, «quanto», com função adjectival e, logo, variável.

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