2.10.06

Multiúsos

Nada disso

      Tratava-se de traduzir o termo inglês «all-purpose» e a frase era a seguinte: «But like some all-purpose brainbooster, the prefrontal area is spectacularly flexible, able to engaje in a greater range of tasks than any other neural structure.» O tradutor verteu-a assim: «Mas como uma espécie de impulsionador cerebral multi-usos, a área pré-frontal é espectacularmente flexível, capaz de desempenhar uma gama de tarefas muito mais ampla do que qualquer outra estrutura neural.» Recentemente, também li no Diário de Notícias: «Novo pavilhão multiusos abre no dia 28» (12.09.2006, p. 33). A verdade, porém, é que a palavra é grave (como a maioria das palavras portuguesas) e, por ter o acento tónico no u, que é precedido de vogal com a qual não forma ditongo, tem de ter acento gráfico: multiúsos. Pela sua formação irregular, é, contudo, uma palavra que se deve evitar, substituindo-a vantajosamente por «polivalente», por exemplo. O que, afinal, sucede muitas vezes, pois que deverá haver mais «pavilhões polivalentes» do que «pavilhões multiúsos». Vendo bem, talvez não haja sequer um «pavilhão multiúsos», mas somente «multi-usos» ou «multiusos».

1 comentário:

Anónimo disse...

Sobre a barbaridade do uso do adjectivo plural MULTIÚSOS qualificando um nome (antes designado substantivo) como p. ex. pavilhão, sala, navalha, campo, etc. medite-se no que escreve António Marques «in» TENTO NA LÍNGUA!..., da Plátano Editora, (rubrica 30, páginas 30 e 31) ...
Claro que no singular o vocábulo se escreve também grafado agudo como paroxítono: MULTIÚSO.