22.3.07

Apostila ao Ciberdúvidas: frase sem verbo

Fora!
A. Tavares Louro, consultor do Ciberdúvidas, perdeu uma boa oportunidade de não de estar calado mas de explicar o conceito de holófrase. A uma pergunta de um consulente sobre se é obrigatório que uma frase tenha verbo, limitou-se a usar um provérbio e a afirmar que alguns de nós somos prolixos, ao passo que outros somos lacónicos. Ora, se é verdade que alguns leitores têm a pecha de não referir o contexto em que foi usado o termo ou expressão que querem ver esclarecidos, nem sempre se pode censurar com «não é possível darmos uma resposta definitiva porque não nos é dado o contexto».
Não, senhor, caro leitor, não é obrigatório que uma frase tenha verbo. As frases de um só termo — como o tão parlamentar «Apoiado!» —, ou holófrases, não têm necessariamente verbo. Curiosamente, a fase inicial de desenvolvimento da linguagem nas crianças, por volta dos dezoito meses de idade, é constituída por holófrases ou palavras-frase, como teorizou o linguista Gustave Guillaume, em que há uma ligação a uma acção real. Assim, quando uma criança diz «água», tanto pode querer dizer «dá-me água, mamã», como «estou a ver que há aí água», etc. Também alguns doentes mentais se exprimem exclusivamente através de enunciados holofrásticos.

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