24.5.07

Cassetete


Cabeças partidas

É interessante ver como o casse-tête francês parte a cabeça não apenas literalmente, como o maciço cassetete da nossa querida polícia *, mas também esmifra os próprios miolos, não é? O casse-tête começou por ser uma «massue en pierre ou en bois utilisée comme arme guerrière par certaines peuplades sauvages». Por analogia de forma, passou a ser também a «arme portative constituée par un bâton flexible ou nerf de bœuf à extrémité plombée». Por metonímia, o casse-tête francês, a partir de determinada altura (no século XIX), passou também a ser o «jeu de patience qui consiste à reconstituer un dessin à l’aide d’éléments épars», como estes aqui. Este segundo é o nosso «quebra-cabeças», que na verdade por fora as deixa intactas, e que alguns cosmopolitas poliglotas (ou trogloditas?) só conhecem por puzzle. O que, na verdade, desafia a minha compreensão: então mal sabem português e andam a estropiar as línguas dos outros? Andam a ler Eça…

* Confesso: o Dicionário Houaiss também regista a acepção de jogo de paciência no verbete «cassetete», mas dá-a como obsoleta, e eu não quero confundir os meus leitores.

1 comentário:

Anónimo disse...

Em francês o bastão para quebrar cabeças não é designado por 'casse-tete', mas sim por 'matraque'. Não sei explicar a razão disso.