18.9.07

Falsos cognatos: «merlo»

Está tudo ligado…

Dizia o original italiano: «Cecilia Metella suonava come un nome misterioso e il gigantesco sepolcro, a forma di cilindro o tamburo coronato di merli, ci appariva come un castello delle favole, misterioso e altissimo.» O tradutor achou que a tradução não podia ser outra senão: «Cecilia Metella ecoava como um nome misterioso e o gigantesco sepulcro, em forma de cilindro ou de tambor coroado de melros, parecia-nos um castelo de fábula, misterioso e altíssimo.» Que estariam estas simpáticas aves, que agora vejo todos os dias em Lisboa, a fazer no alto do sepulcro? É claro que merlo, mesmo em italiano, não é somente o «uccello dal verso melodioso molto comune nei boschi, nei giardini e nei terreni coltivati», mas também «ciascuno dei ripari in muratura eretti a intervalli regolari come coronamento architettonico dei muri perimetrali di torri, castelli, fortificazioni, ecc. a scopo di difesa o di ornamento». Os nossos merlões. Aliás, o étimo é italiano, através do francês merlon. De resto, de merlo para melro só com uma metástase ou muita desatenção. A etimologia do nosso «melro» é outra: merulus, i. Contudo, no The American Heritage pode ler-se, a propósito da etimologia de merlon («A solid portion between two crenels in a battlement or crenelated wall»): «French, from Italian merlone, augmentative of merlo, battlement, perhaps from Medieval Latin merulus, from Latin, merle (from their imagined similarity to blackbirds sitting on a wall).»


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