13.9.07

Quénia e Moisés

Imagem: http://www.biografiasyvidas.com/

Equívocos


Porque é que o Moisés de Miguel Ângelo tem — agarre-se bem, leitor — cornos? Especulações místicas à parte, porque simplesmente houve um erro crasso na tradução do Êxodo 34,29, em que o hebraico karan, raios emanados pelo rosto do herói, se tornou keren, chifres («cumque descenderet Moses de monte Sinai tenebat duas tabulas testimonii et ignorabat quod cornuta esset facies sua ex consortio sermonis Dei»). Na excelente biografia de Wangari Muta Maathai*, Prémio Nobel da Paz em 2004, também se dá conta de um dos equívocos linguísticos em que a História é rica: «Conta-se que os exploradores Johan Ludwig Krapf e Johann Rebmann, deparando com a montanha [monte Quénia] em 1849, perguntaram ao seu guia, um membro da comunidade camba, que carregava uma cabaça: “Como chamas a isto?” Pensando que os dois alemães se referiam à cabaça, respondeu: “Chama-se kĩĩ-nyaa”, «Quénia», como era pronunciada pelos Britânicos. Este tornou-se o nome da montanha e, mais tarde, o nome do país.»



* A publicar brevemente pela Editorial Bizâncio e com tradução de Fernando Dias Antunes.

1 comentário:

Bruno Fehr disse...

Este texto fez-me lembrar a forma como nome foi dado na Austrália ao Canguru.

Os exploradores perguntavam ao nativo, o nome do animal ao que o nativo respondeu Kan-ga-roo (Não o percebo).