25.12.07

Tradução: «tannerie»

Curtumes


      Se queremos traduzir a palavra inglesa tannerie, recorrendo a uma riqueza vocabular que estamos habituados a ver elogiada na língua inglesa e ignorada ou desprezada na nossa própria língua, talvez seja melhor esquecer a solução fácil de verter como «oficina ou fábrica de curtumes» e usar, corajosamente, «tanaria» (cujo étimo é o francês tannerie: «établissement où l’on tanne les peaux»). Ou charola. Afinal, ainda que antigo, o termo existe na língua portuguesa. Em relação a curtumes, conheço mais alguns.

Baqueta f. Couro de bezerro ou vitela para calçado.
Barquino m. Pele de cabrito, preparada para conter e transportar água potável.
Cabrim m. Pele de cabra preparada, curtida.
Chagrém m. Couro granuloso, que se prepara ordinariamente com peles de jumento ou de macho.
Charola f. Pequena fábrica de curtumes.
Charoleiro m. Dono de fábrica de curtumes.
Cordovão m. Couro de cabra, curtido e preparado especialmente para calçado.
Correol m. Prov. alent. Fio, corda resistente, formado de finíssimas tiras de couro, cortadas e tecidas em fresco.
Cortim m. Substância extraída das cascas das árvores, que curte o couro; tanino.
Crónico m. Couro cru.
Enfuste m. Preparação com que se entumecem as peles.
Enoque m. Fábrica de curtumes.
Escabela f. Acto de arrancar os pêlos ao couro antes da curtimenta.
Escabelar, escabeleirar ou escabelizar v. Tirar, arrancar os pêlos aos couros durante a curtimenta.
Escarna f. Tecnol. Operação que consiste em escamar as peles dos animais antes do curtimento.
Escouçar v. Tirar às peles a água de cal que se lhes juntou para a escabela.
Espichadeira f. Mulher que, nas fábricas de peles, espicha os couros para secarem.
Fijola f. Tira de cabedal ponteada e que forma bolso em volta de duas peças de couro.
Garra f. Sola ou cabedal ruim, com pêlo.│2. Retalho de couro.
Grosa f. Faca de fio embotado, para descamar peles.
Grosador m. Ferro com que se raspam os couros na surragem.
Humada f. Prov. minh. Aguada de lixo de pombos, empregada na preparação de couros.
Lombeiro m. Couro do lombo de certos animais.
Lonca f. Bras. do S. Couro de que se raspou o pêlo.│m. pl. Tiras fininhas que se tiram do couro pelado e raspado, para fazer trançados.
Magis m. Espécie de couro empregado em sapataria.
Palissão m. Instrumento com que os cortadores abrem e amaciam as peles, depois de cortadas e secas.
Parruá m. Grande bastidor, em que os curtidores colocam as peles para se alisar o carnaz.
Romanadeira f. Instrumento constituído por um pedaço de madeira cuja face inferior é munida de caneluras ou revestida de cortiça e a superior revestida de uma tira de couro, por baixo da qual passa a mão do operário, para dar aos couros aspecto uniforme e agradável, depois de serem surrados.
Sura f. Nome dado a certas peles, ratadas ou incompletas, na indústria de curtumes.
Tafilete m. Marroquino fino que se fabricava em Marrocos.
Tagra f. Cada um dos bocados em que se divide um couro para curtir.
Tanado adj. Que tem aspecto de curtida.
Tanagem f. Acto de curtir, modo de curtir.│2. Curtimenta pelo tanino.
Tanante adj. Próprio para curtir.
Tanar v. O m. q. curtir.
Tanaria f. Ant. Fábrica de curtumes.
Tanoada f. Porção de tinta ou de peles preparada de uma só vez para curtimenta.
Tranquete m. Term. de Alcanena. Tanque pequeno para curtimento.
Vaqueta f. Couro delgado e macio, empregado principalmente em forros.




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