Morta está a língua
«No sangue de centenários que sobreviveram à pandemia da gripe de 1918, cientistas norte-americanos conseguiram ainda descobrir anticorpos activos contra aquela estirpe viral [,] que terá morto pelo menos 50 milhões de pessoas em todo o mundo» («Anticorpos contra gripe de 1918 ainda estão activos», Clara Barata, Público, 19.08.1008, p. 13). Pois, cara Clara Barata, mas com os verbos auxiliares ser e estar, devemos empregar o particípio irregular do verbo principal: foi/está morto; com os auxiliares ter e haver, devemos empregar o particípio regular: tinha/havia matado.
«No sangue de centenários que sobreviveram à pandemia da gripe de 1918, cientistas norte-americanos conseguiram ainda descobrir anticorpos activos contra aquela estirpe viral [,] que terá morto pelo menos 50 milhões de pessoas em todo o mundo» («Anticorpos contra gripe de 1918 ainda estão activos», Clara Barata, Público, 19.08.1008, p. 13). Pois, cara Clara Barata, mas com os verbos auxiliares ser e estar, devemos empregar o particípio irregular do verbo principal: foi/está morto; com os auxiliares ter e haver, devemos empregar o particípio regular: tinha/havia matado.
Outra vez: «No sangue de centenários que sobreviveram à pandemia da gripe de 1918, cientistas norte-americanos conseguiram ainda descobrir anticorpos activos contra aquela estirpe viral [,] que terá matado pelo menos 50 milhões de pessoas em todo o mundo.»
7 comentários:
Parece-me causa perdida a médio/longo prazo. Já fui corrigido por usar o particípio regular no sítio certo.
Será que o particípio regular vai morrer de morte matada ou de morte morrida? :)
pedro
Corrigido... Por um superior hierárquico ignorante, imagino. De outro modo, não teria cedido.
A língua, como corpo vivo, vai-se modificando na fala. A gramática é um corpo de normas que sofre as suas revogações. Este "ter matado" já arranha um pouco os ouvidos. E isso não é um bom sinal. De qualquer forma - declaro! - ainda sou pela norma.
Endriago,
Há aqui dois verbos em causa. «Morto» pertence a MORRER, tal como «morrido» («Tem morrido gente», «Isto está tudo morto»). O erro consiste em dar ao verbo MATAR um particípio alheio...
Desculpe, Endríago (com acento). Mas saberá que os espanhóis chamam Endriago à coisa. Ups! A você.
Fernando
Nem chega a ser um equívoco. Claro que «morto» é adjectivo, mas usado como particípio... de morrer e de matar. O grande problema são os auxiliares.
Endriago
Mire... perdão, Endríago, não nos podemos deixar arranhar pelo que está correcto.
O «arranhar os ouvidos» depende de com quem se conversa e não aceito como argumento.Já fui chamada à atenção por um aluno que me corrigiu a pronúncia de «tenhamos» para «tênhamos». Quando lhe expliquei que esta forma estava errada respondeu-me que lhe soava mal. Hoje é um digníssimo licenciado em Estudos Portugueses e, provavelmente, professor.
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