Será plausível?
Mentiria se dissesse que não gostei de ler a crónica de ontem de José Vítor Malheiros no Público. Eis um excerto: «Pode-se pensar que os carros deixaram de obedecer à passadeira em virtude daquilo que os americanos chamam plausible deniability. (“Passadeira? Qual passadeira? Eu vi umas marcas muito sumidas, mas pensava que fossem de uma passadeira antiga que já nem existisse.”) Pode-se pensar que alguns dos automobilistas não vejam mesmo as marcas (é por isso que a deniability é plausible)» («Da pintura das passadeiras», José Vítor Malheiros, Público, 12.08.2008, p. 33).
O que me pergunto é se o autor não podia ter traduzido as palavras e expressões inglesas que usa, e nomeadamente a que se lê acima, plausible deniability, para cabal compreensão do leitor. A não ser — ponho ser esta hipótese — que o objectivo não seja ser-se compreendido. Pois traduz-se por negação plausível ou negação capciosa. A negação plausível refere-se à recusa de responsabilidade nas cadeias de comando informais, em que os escalões mais elevados de poder atribuem a responsabilidade aos escalões mais baixos de comando. É uma estratégia muito usada na política, na guerra e nas acções de espionagem, para dar cobertura a actos ilegais ou impopulares. Não sei é se se aplica com propriedade ao caso dos automobilistas. Vou pensar.
Mentiria se dissesse que não gostei de ler a crónica de ontem de José Vítor Malheiros no Público. Eis um excerto: «Pode-se pensar que os carros deixaram de obedecer à passadeira em virtude daquilo que os americanos chamam plausible deniability. (“Passadeira? Qual passadeira? Eu vi umas marcas muito sumidas, mas pensava que fossem de uma passadeira antiga que já nem existisse.”) Pode-se pensar que alguns dos automobilistas não vejam mesmo as marcas (é por isso que a deniability é plausible)» («Da pintura das passadeiras», José Vítor Malheiros, Público, 12.08.2008, p. 33).
O que me pergunto é se o autor não podia ter traduzido as palavras e expressões inglesas que usa, e nomeadamente a que se lê acima, plausible deniability, para cabal compreensão do leitor. A não ser — ponho ser esta hipótese — que o objectivo não seja ser-se compreendido. Pois traduz-se por negação plausível ou negação capciosa. A negação plausível refere-se à recusa de responsabilidade nas cadeias de comando informais, em que os escalões mais elevados de poder atribuem a responsabilidade aos escalões mais baixos de comando. É uma estratégia muito usada na política, na guerra e nas acções de espionagem, para dar cobertura a actos ilegais ou impopulares. Não sei é se se aplica com propriedade ao caso dos automobilistas. Vou pensar.
1 comentário:
Mas o facto de JVM ter escrito «em virtude daquilo que os americanos chamam» não salvará, digamos assim, a utilização de termos em Inglês? Os americanos (ou, mais concretamente, os «norte-americanos») falam nessa língua. Dizer «é aquilo a que os franceses chamam mot d'esprit», ou «aquilo a que os alemães chamam volksgeist» é errado?
O que não se salva, quanto a mim, é o facto de o autor não ter escrito «em virtude daquilo a que os americanos». Isso sim, é erro sem apelação.
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