26.9.08

Plural dos nomes próprios

Em 1943

Porque ainda há quem continue a falar na questão, lembro aqui o romance Casa na Duna, de Carlos de Oliveira. («O cuidado na prosa distingue Casa na Duna do neo-realismo rasteiro», lembra Pedro Mexia em recensão publicada no Diário de Notícias.) A narrativa centra-se em Mariano Paulo, proprietário de uma quinta, em Corrocovo, situada no alto de uma duna. Mariano Paulo e o filho Hilário. Logo, são os… Paulo ou Paulos? Vejam o que escreveu o autor (citações da edição da Assírio & Alvim, Lisboa, 2004):

«O povoado cresce sobre a duna que há perto de duzentos anos os pinhais começaram a fixar. No alto, a descer para o poente, fica a quinta dos Paulos.» (p. 8)

«Os Paulos, um após outro, tinham conseguido alargar a quinta, leira sobre leira, num tempo em que os camponeses trocavam a terra a canecas de vinho.» (p. 11)

«Não deixaria escapar nenhuma ocasião de manter intacta a herança dos Paulos.» (p. 93)

«Se os Paulos já mortos andassem por ali, discretos e atentos, pisando a sua velha quinta, sentir-se-iam orgulhosos dele.» (p. 106)

«Uma herança como a dos Paulos tem de perdurar para além das pessoas, de tudo o que passa.» (p. 109)

«A maldição dos Paulos, a névoa dum precipício sobre a profundidade desconhecida.» (p. 121)

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