Abaixo de cão
As televisões (e as empresas em geral) gostam muito de ter pessoas a trabalhar para elas gratuitamente. A particularidade da televisão é que as pessoas são usadas e ainda agradecem. Claro que, sendo muitas vezes pessoas impreparadas, fazem, como não deixaria de dizer Miguel Esteves Cardoso, merda. Na sexta-feira, o programa Panda & Cia, do Canal Panda, foi entrevistar uma tratadora de cães. (A legenda, porém, dava-a como groomer…) Para fechar a sua lição de como se dá banho a um cão, disse duas sonoras vezes: «Aprendestes, Panda?»
Mas estava a ser injusto: na verdade, há também professores, oh horror!, que também falam assim, o que é uma absoluta, completa e irremissível vergonha. Na televisão, na escola… estamos bem entregues.
8 comentários:
Nem sei para que se deu ao trabalho de falar da tratadora de cães...
pedro
Para atingir os professores, talvez…
Por que não falou também em jornalistas, em políticos,em governantes? Uma picadela nos professores dá-lhe algum prazer, não?
Entre 140 mil pessoas algumas haverá que não dominam a língua... Mas vejo a mesma coisa entre governantes... A propósito, não me lembro de ter lido aqui qualquer crítica a alguma coisa menos adequada que um governante tenha dito, pelo menos nos últimos tempos.
Aos políticos seria demasiado fácil. De qualquer modo, não são pagos para ensinar.
Ai os bordões! Veja se não teria saído um português mais limpo se tivesse abolido a expressão na verdade:
"Mas estava a ser injusto: há também professores, oh horror!, que também falam assim (...)"
Agora sou sua revisora?
Numa casa com crianças, onde se vê o Canal Panda, reparámos nessa situação e comentámos que, mesmo sendo uma entrevista, teria sido correcto "cortarem" o "aprendestes"... Daí a pouco tínhamos a nossa filha de quatro anos a repetir o "aprendestes Panda"...
Recomendo mais atenção ao discurso da Ministra da Educação... Se quem está à frente da área não dá o exemplo... Mas também reconheço que há muita gente a precisar de estudar mais um pouco a língua portuguesa. As instituições de ensino superior certificaram muitas destas pessoas...
«Na verdade» bordão linguístico? Está a confundir uma opção legítima do discurso com expressões supérfluas como «é assim», «portanto», «prontos» e outras que foram surgindo e desaparecendo.
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