30.10.08

«Pedir que» ‘vs.’ «pedir para»

Será mesmo assim?

Vejamos o que escreveu o Prof. Vasco Botelho de Amaral sobre a questão. «Se o povo diz pedir para, e se eu vejo que Herculano escreveu no Eurico — “pediu para falar a sós” — que me importa a mim que se critique a construção pedir para?
E que assim não lêssemos em Mestres da Língua?... Nunca se ouviu o povo dizer portuguêsmente pedir para ir e de modo semelhante?
Ocorre-me que alguém, algo pesaroso, me escreveu por eu ter defendido a construção pedir para seguida de infinitivo. Tal construção foi muito criticada por Cândido de Figueiredo e outros autores têm ido atrás da sentença do benemérito purista.
A verdade, porém, manda aconselhar paciência aos puritanos demasiado lógicos.
À minha análise lógica não repugna o dizer ou escrever peço-te para vires cá hoje, consoante já mostrei no Dicionário de Dificuldades.
Os gramáticos o que têm é de registar a dicção popular, pois já está apadrinhada pelas melhores penas da arte de escrever» (Glossário Crítico de Dificuldades do Idioma Português. Porto: Editorial Domingos Barreira, 1947, pp. 275-76).

8 comentários:

Anónimo disse...

Portuguêsmente ou portuguesmente???

Helder Guégués disse...

O Prof. Vasco Botelho de Amaral escreveu, e bem, portuguêsmente. Só com o decreto-lei n.º 32/73 se passou a escrever portuguesmente. E os seus três pontos de interrogação são para quê? Não sou surdo… Cego, digo.

Anónimo disse...

"???"
Não é este o tom do blog?
Escárnio e maldizer?
Pensei que sim!!!

Nuno Dempster disse...

Ora nem mais. Pediu para lhe darem, pediu que lhe dessem. É exactamente o mesmo. Há gente com obrigações académicas que nunca estará atenta à vida da Língua.

Nuno Dempster disse...

Ora nem mais. Pediu para lhe darem, pediu que lhe dessem. Exactamente o mesmo. Há gente com obrigações académicas que nunca estará atenta à vida da Língua.

Anónimo disse...

Não me perguntou porquê???
A sua resposta à minha pergunta???

Anónimo disse...

Prezado Guégués,
Fiquei curioso sobre esta questão e fui pesquisar no Dicionário Luft de Regência Verbal, onde encontrei isto; por ser muito extenso, talvez não lhe permita publicar, mas vale a pena conhecer:
" "A maioria dos gramáticos tacha de viciosa a construção 'pedir para fazer alguma coisa' […] e somente admite 'pedir para' quando for possível subentender entre o verbo 'pedir' e a preposição 'para' uma das palavras licença, permissão, autorização, vênia, etc." (Fernandes). Argumento logicista da condenação: a preposição se interpõe entre o verbo e seu objeto 'direto' (pedir algo, e não *pedir para algo). Fernandes continua: "Não obstante, é comum encontrar, em escritores de boa nota, exemplos da construção condenada", e cita exemplos de Herculano, Garrett, Camilo, Machado. Trata-se de construção moderna e "é a mais usual no português do Brasil" (Matoso Câmara Jr. e Rocha Lima: Lessa, pg. 89). Ver exemplos de modernistas brasileiros em Lessa, pg. 89-90 (José Lins do Rego, Dinah Silveira de Queiroz, Rachel de Queiroz, Guimarães Rosa, Tasso da Silveira, Jorge Amado, José Cândido de Carvalho). Notar que 'para' aparece diante de oração infinitiva (Pediu-lhes para ajudarem, e não *Pediu-lhes ajudarem); mas, por cruzamento sintático, pode antepor-se ao que: Pediu-lhes que ajudassem + Pediu-lhes para ajudarem > Pediu-lhes para que ajudassem. "O capitão pediu para que ele preparasse" (José Lins do Rego: Lessa). "Pediu para que Antônio saísse" (Bechara). Ver também Epifânio, pg. 259-60. Bechara (1975: 311) (à maneira de Nascentes, 1960: passim) tem uma explicação funcional para a preposição: "Pode-se ver na construção o 'para' como posvérbio iniciando a oração objetiva direta para denotar o interesse ou a insistência do pedido".

Nuno Dempster disse...

Não percebo porque censurou o comentário que aqui deixei. E ainda por cima publicou esse anónimo Paulo, que poderia ser Pedro ou João, com parte do exemplo que dei. Bonita coisa. Comentarei.