Tudo na mesma
O que me diz, cara Luísa Pinto — um professor a usar a forma hadem — deixa-me muito triste. Em 18 de Março de 1958, há cinquenta anos, dizia o padre Raul Machado no seu programa Charlas Linguísticas (na 10.ª): «Hadem. É a forma hadem do verbo haver. “Eles hadem cá vir.”
É uma forma mal feita e incorrecta. Peço que notem exactamente o vigor desta minha anotação. Parece que, uma vez ou outra, quando falo um pouco mais baixo, as minhas palavras são levemente transformadas, deturpadas… Portanto, aquela forma é errónea, é falsa, por agora; mas se ela se introduzir na linguagem… Ai de mim!... será correctíssima.
Actualmente é falsa, é errónea; se daqui a cinquenta anos todos nós… (Se eu lá chegasse, é claro) a empregássemos, essa forma seria forma correcta, perfeita, porquê?
Porque os fenómenos da linguagem não caminham por processos lógicos; vão pelo aspecto usual, por hábitos…
Ora bem; aquela forma, escrita no quadro, hadem, “eles hadem fazer”, é péssima dentro das normas gramaticais; é péssima, mas há tanta gente já que diz “eles hadem fazer”, “eles hadem vir”, que até, às vezes, eu próprio tenho receio de a empregar descuidadamente; infiltra-se nos ouvidos, e como se infiltra nos ouvidos e na subconsciência, habituamo-nos. E se nos habituamos, já nada se pode fazer para que a forma desapareça; é errónea, é falsa, mas se vier a introduzir-se será magnífica, perfeita.
Peço o favor de atentarem bem no que acabo de dizer; não afirmo que esta forma é boa, nem digo que vamos admiti-la; digo que é falsa e é errónea. Mas que já muita gente a emprega; e se todos a empregarem, pertencerá correctissimamente à língua portuguesa» (Raul Machado, Charlas Linguísticas na RTP. Lisboa: Sociedade da Língua Portuguesa, [s/d, mas de 1998], pp. 139-40).
O que me diz, cara Luísa Pinto — um professor a usar a forma hadem — deixa-me muito triste. Em 18 de Março de 1958, há cinquenta anos, dizia o padre Raul Machado no seu programa Charlas Linguísticas (na 10.ª): «Hadem. É a forma hadem do verbo haver. “Eles hadem cá vir.”
É uma forma mal feita e incorrecta. Peço que notem exactamente o vigor desta minha anotação. Parece que, uma vez ou outra, quando falo um pouco mais baixo, as minhas palavras são levemente transformadas, deturpadas… Portanto, aquela forma é errónea, é falsa, por agora; mas se ela se introduzir na linguagem… Ai de mim!... será correctíssima.
Actualmente é falsa, é errónea; se daqui a cinquenta anos todos nós… (Se eu lá chegasse, é claro) a empregássemos, essa forma seria forma correcta, perfeita, porquê?
Porque os fenómenos da linguagem não caminham por processos lógicos; vão pelo aspecto usual, por hábitos…
Ora bem; aquela forma, escrita no quadro, hadem, “eles hadem fazer”, é péssima dentro das normas gramaticais; é péssima, mas há tanta gente já que diz “eles hadem fazer”, “eles hadem vir”, que até, às vezes, eu próprio tenho receio de a empregar descuidadamente; infiltra-se nos ouvidos, e como se infiltra nos ouvidos e na subconsciência, habituamo-nos. E se nos habituamos, já nada se pode fazer para que a forma desapareça; é errónea, é falsa, mas se vier a introduzir-se será magnífica, perfeita.
Peço o favor de atentarem bem no que acabo de dizer; não afirmo que esta forma é boa, nem digo que vamos admiti-la; digo que é falsa e é errónea. Mas que já muita gente a emprega; e se todos a empregarem, pertencerá correctissimamente à língua portuguesa» (Raul Machado, Charlas Linguísticas na RTP. Lisboa: Sociedade da Língua Portuguesa, [s/d, mas de 1998], pp. 139-40).
Sem comentários:
Enviar um comentário