18.12.08

Sobre «X-acto»

Dissecado


      «“Sentia-me bem a fazer desenhos nos braços com um X-acto. Os colegas pensavam que estava a brincar, mas eu sabia que não e quanto mais me diziam para parar, mais fazia”» («Cerca de 60 mil jovens já se automutilaram», Patrícia Jesus, Diário de Notícias, 15.12.2008, p. 11). Eu também conheci um jovem que se automutilava, mas isso — espero que todos tenham percebido ao fim de três anos de blogue — não interessa para aqui, mas sim o destaque dado à palavra «X-acto». Para quê? Não é nem estrangeirismo nem uma marca comercial. Já foi. Deu-se uma evolução, pois quando falamos de um X-acto na verdade estamos a referir-nos quase sempre a uma lâmina do tipo X-acto. Grafar em itálico faz tanto sentido como os Brasileiros grafarem «faca olfa» em itálico. A esta mudança gramatical em que um substantivo próprio passa a substantivo comum, ou vice-versa, dá-se o nome de derivação imprópria.

1 comentário:

Anónimo disse...

É interessante comparar o caso de «X-acto” com o da palavra «esferovite», designação vulgar do poliestireno expandido cá em Portugal. Este material adquiriu designações totalmente diferentes nos vários países: «isopor» no Brasil, «corcho blanco» em Espanha, «anime» na Venezuela, «styrofoam» na Inglaterra, etc. Na maioria das situações, o nome usado num país ficou associado à empresa que o produzia ou comercializava nesse país.

Fernando Ferreira