Não se convertem
«Espremeu uma delas e saiu uma libra de sumo; o sabor era de mel.» É assim, sob o signo de S. Brandão, na Navigatio Sancti Brendani, que começo este texto para manifestar mais uma vez a minha estranheza por alguns tradutores deixarem para alguém — já adivinharam quem — a tarefa de converter unidades de medida que nos são estranhas. Que sentido faz, por exemplo, não converter graus Fahrenheit? Acho que até já vi a indicação em graus Réaumur! É claro que há técnicas de conversão facílimas, mas hoje em dia até alguns telemóveis têm conversores. A Internet tem conversores. Usem-nos.
«Espremeu uma delas e saiu uma libra de sumo; o sabor era de mel.» É assim, sob o signo de S. Brandão, na Navigatio Sancti Brendani, que começo este texto para manifestar mais uma vez a minha estranheza por alguns tradutores deixarem para alguém — já adivinharam quem — a tarefa de converter unidades de medida que nos são estranhas. Que sentido faz, por exemplo, não converter graus Fahrenheit? Acho que até já vi a indicação em graus Réaumur! É claro que há técnicas de conversão facílimas, mas hoje em dia até alguns telemóveis têm conversores. A Internet tem conversores. Usem-nos.
6 comentários:
Talvez fosse conveniente explicitar que a unidade Ra que aparece na tabela corresponde ao rankine (escala Rankine de temperaturas), não vá alguém associar a unidade Ra ao grau Réaumur.
Fernando Ferreira
Fica explicitado, caro Fernando Ferreira. Obrigado.
Mas se é para fazerem a conversão de cabeça, mais vale deixarem a medida original! Ainda ontem na RTP2, documentário sobre o grande tubarão branco, uma sonda presa à barbatana de um desses bichos permitiu medir a distância que ele percorreu num Verão: 12 000 milhas segundo o locutor, 3600 km segundo a legenda. Por alguma razão vai para letras quem quer fugir à matemática! (E não esquecer que basta ir ao Google e escrever "12000 miles in km".)
Nem era preciso dizê-lo, mas como o disse, acrescento: não são poucas as vezes que vejo «conversões» à maluca. Do ponto de vista de um revisor, é como se não tivesse havido conversão. Na televisão, contudo, em que não há revisão, o leitor tem de suportar tudo.
Então e... unidades monetárias?
Qual o sentido que faz lermos 3500 euros por 5000 dólares, quando há flutuações cambiais?
O tradutor usou o quê? O câmbio da data em que o livro/filme saiu originalmente? A data em que começou/acabou a tradução? Vai-se actualizando de umas edições para as outras?
Bem, sem haver conversão também há actualização. Assim, 3500 euros em 2002 não valem o mesmo em 2025, ou não? O tradutor usará o câmbio do dia em que traduziu o trecho referente a unidades monetárias. De resto, se houver, e não há, flutuações cambiais abissais entre a tradução e a revisão (se houver revisão, se houver…), o revisor procederá, como já fiz, a acertos. Contudo, o que interessa é que as obras são datadas, e essa é a referência para o leitor (ao espectador de um filme, convenho, faltam elementos mais prontamente disponíveis para fazer o mesmo tipo de raciocínio).
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