30.3.09

Sobre «cabouqueiro»

Pedreira em Borba. Imagem: http://abitpixel.files.wordpress.com/


Olhe que não


      «António Medeiros Alexandre define-se como “cabouqueiro”, o nome que em São Miguel, nos Açores, era dado aos homens que partiam a pedra com a ajuda de maços e picaretas» («Cabouqueiro parte pedra para os passeios da ilha», P. F., Diário de Notícias, 23.03.2009, p. 5). Escrito assim, até parece que se trata de um regionalismo. Nada mais errado. Em todo o País se dá o nome de cabouqueiro a quem extrai pedras de uma pedreira. Acrescenta o jornalista: «Faça chuva ou faça sol, e vem todos os dias (com excepção dos domingos e feriados) da Lomba de Santa Bárbara para a sua pedreira improvisada junto à praia.»
      Claro que há pedreiras e pedreiras. Nas pedreiras do chamado «Triângulo dos Mármores», Vila Viçosa-Borba-Estremoz, algumas com dezenas de metros de profundidade, uma das primeiras operações para a extracção dos blocos de mármore é a realização de um barrano, que é a perfuração que se faz na rocha e em que se introduz dinamite (e foi precisamente numa pedreira em Redhill, Surrey, Sul da Inglaterra, que Alfred Nobel fez em 1867 a sua primeira experiência com dinamite) que, explodindo, as faz rebentar; ao tiro dá-se o nome de barreno. Posteriormente, os blocos são desmontados e serrados, desbastados com fio diamantado que corre sobre polés. Ora, a esse buraco que se faz na rocha para a rebentar depois de se encher de pólvora também se dá o nome de cabouco, e ao trabalhador que o faz, cabouqueiro.



1 comentário:

Anónimo disse...

Muito bom, me ajudou bastante em um trabalho que estava fazendo sobre a construção do templo de Salomão(Bíblia).Obrigada.