7.6.09

Léxico: «palinologia»

E há quem acredite

      «Duarte Nuno Vieira, presidente do Instituto Nacional de Medicina Legal e da Academia Internacional de Medicina Legal, realça a importância das novas técnicas de investigação e áreas de estudo, nomeadamente a panilogia (pólens) e a micologia (fungos)» («Peritos forenses debatem êxitos da autópsia virtual», C. N., Diário de Notícias, 29.05.2009, p. 22). É assim, *panilogia, que se lê em alguns blogues e, como se vê, no Diário de Notícias. Se entre parênteses não estivesse a palavra «pólens», ia jurar que tinha algo que ver com pão, dado o antepositivo pani-. Contudo, trata-se de um mero erro. O termo é, na realidade, palinologia (do grego palynien, «derramar, dispersar, difundir»), e foi introduzido por dois cientistas ingleses, H. A. Hyde e D. A. Williams em 1944. A palinologia, que constitui uma subdivisão da paleobotânica, é o estudo das características morfológicas externas de grãos de pólen e esporos (fósseis e actuais) e também da sua dispersão e aplicações. No texto da notícia, é a palinologia forense que está em causa.
      O Dicionário Houaiss regista os vocábulos «palinologia», «palinológico», «palinologista» e «palinólogo», precisamente os mesmos registados pela 5.ª edição do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.

2 comentários:

Anónimo disse...

Trata-se de um erro do jornal e do jornalista que redigiu a notícia. No programa do congresso e em diversas outras notícias o título está correcto. E a conferência sobre palinologia forense foi magnífica.

Helder Guégués disse...

Por ser vocábulo raro, o jornalista tinha obrigação de ter perguntado se tinha percebido bem e, por precaução, pesquisado. Ninguém ganha com estas provas evidentes de desmazelo.