14.8.09

Léxico: «meta-análise»


Interessante

      O vocábulo meta-análise, com que alguns médicos estarão familiarizados, não está registado nos dicionários gerais da língua, não exactamente por ser um termo técnico, porque estes abundam nos dicionários, mas por não estar largamente divulgado, como outros. Eis não apenas uma definição, mas a forma de se fazer uma meta-análise: «A meta-analysis is a very simple thing to do, in some respects: you just collect all the results from all the trials on a given subject, bung them into one big spreadsheet, and do the maths on that, instead of relying in your own gestalt intuition about all the results from each of your little trials» (Bad Science, Ben Goldacre. Londres: Fourth Estate, 2008, p. 54). Há mesmo uma organização internacional — sem fins lucrativos! —, The Cochrane Collaboration, constituída por académicos, que elabora súmulas sistemáticas da literatura de investigação sobre a pesquisa em termos de cuidados de saúde, incluindo as meta-análises. À representação diagramática dos ensaios clínicos dá-se o nome de blobbogram (sem correspondência em português) e faz parte do logótipo da Cochrane.

2 comentários:

Franco e Silva disse...

Nós entendemos que a regra geral na composição de palavras é a aglutinação dos seus componentes, excepto se a hifenização, nomeadamente com prefixos e semelhantes, estiver definida excepcionalmente pelo A.O. (1945), base XXIX. Ora o prefixo META-, (como muitos outros, como MICRO- e POLI-) não se inscreve nessas excepções. Devemos então ter, METAANÁLISE, como MICROONDAS e POLIINSATURADO. Bem reconheço que a atracção das palavras inglesas (normalmente hifenizadas nestes casos) conduza a uma tradução hifenizada, mas que não consideramos nem ortográfica, nem vernácula.
Segue-se uma lista de prefixos, pseudoprefixos, radicais e semelhantes em que a aglutinação deve ser regra, quer a primeira letra do segundo componente seja vogal (igual ou não), quer seja S ou R , duplicando-o ou ainda H, que será «comido»:

AERO-
AGRI-
ALO-
ALTER-
AMBI-
AN-
ANFI-
APICO-
APO-
ARC-
ARCE-
ARCI-
ARTERIO-
ASTRO-
BI-
BIO-
BIS-
CARDIO-
CATA-
CINE-
CIS-
DI-
DIA-
E-
EC-
ECO-
ELECTRO-
EM-
EN-
ENDO-
ENV-
EPI-
EU-
EXO-
FILO-
FISIO-
FONO-
FOTO-
GASTRO-
GEO-
GIMNO-
GRAFO-
HELI-
HEMATO-
HEMI-
HEMO-
HEPTA-
HETERO-
HEXO-
HIDRO-
HIPO-
HOMEO-
HOMO-
HOMO-
IMUNO-
IN-
ISO-
JUSTA-
LABIO-
LINGUO-
MACRO-
MAXI-
MEGA-
MELO-
MENOS-
MESO-
META-
MICRO-
MILI-
MINI-
MIRI-
MIRIA-
MONO-
MORFO-
MOTO-
MULTI-
NAGIO-
NECRO-
NEURO-
NEVRO-
NITRO-
OCTO-
ODONTO-
OFTALMO-
OMNI-
ORO-
OTO-
OXI-
PARA-
PATO-
PEDO-
PEN-
PER-
PER-
PERI-
PIRO-
PLURI-
POLI-
POR-
POS-
PRETER-
PRO-
PSICO-
QUADRI-
QUIRO-
RADIO-
RE-
RECTO-
RETRO-
RINO-
SI-
SIM-
SIN-
SOCIO-
TELE-
TEO-
TERMO-
TETRA-
TIPO-
TRA-
TRANS-
TRAS-
TRES-
TRI
UNI-
XILO-
ZOO-

Outros exemplos:
MEGAOPERAÇÃO
GEOISTÓRIA
TRANSSEXUAL
CARDIORRESPIRATÓRIO

[Como nota final relembramos a futura aplicação do A.O (1990), que, para todas as composições passa a hifenizar a situação de vogal idêntica no fim do primeiro componente e do início do segundo componente e a situação de H no início do segundo componente:

«META-ANÁLISE»
«MICRO-ONDAS»
«POLI-INSATURADO»
«GEO-HISTÓRIA».

Helder Guégués disse...

Tem razão. Pergunto-me é se meta-análise não se enquadrará nos casos em que não convém aglutinar o elemento extra- ao elemento imediato, «por motivo de clareza ou de expressividade gráfica, por ser preciso evitar má leitura».