30.9.09

Uma acepção de «vernáculo»

Vernáculo estrangeiro

      «“A única resposta que dou é parafrasear o dr. Alberto João Jardim na expressão inglesa a propósito de jornalistas — ‘Fuck you!’”. Foi assim que o bastonário Pedro Nunes reagiu ao semanário Expresso por estar a investigar denúncias de alegado favorecimento pela Ordem dos Médicos (OM) ao ateliê [de arquitectura] onde a filha estava a estagiar» («(Des)Ordem nos Médicos», Vera Lúcia Arreigoso, Expresso, 25.09.2009, p. 28). Há pouco mais de uma semana, a imprensa noticiou que o presidente da Câmara de Almeirim, Sousa Gomes (do PS) dirigira à vereadora da CDU, Manuela Cunha, na reunião do executivo, «entre outras frases vernáculas», escrevia o jornalista, «cale-se com essa merda. Fale mas é na merda dos pardais» («“Cale-se com essa m… fale dos pardais”», J. N. P., Correio da Manhã, 18.09.2009, p. 18). A primeira acepção de «vernáculo» que ocorre a um falante com umas tinturas de latim será talvez um sentido figurado: linguagem correcta, sem estrangeirismos na pronúncia, vocabulário ou construções sintácticas. E mesmo que lhe ocorra também a acepção que já vem do étimo, já será menos provável que lhe venha à mente a acepção (popular e jocosa) de linguagem popular, carregada de calão, termos chulos, tanto mais que não é acepção que todos os dicionários registem. Experimentem — têm aí um à mão? — consultar o Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora. Pois é.

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