6.12.09

Aquisição da linguagem: inatismo

O artisto e a artista

      A minha filha tem dois anos e meio e gosta, decerto que como todas as crianças, que lhe contem histórias. (Agora, prefere que lhas conte, não que as leia.) Há dias, contava-lhe a história dos ursinhos Plum e Plumete no circo, uma obra da autoria da escritora e ilustradora francesa (mas nascida na Roménia) Lise Marin e adaptada para português por Leonor Garcia e que se pode considerar, leio na recensão que António Couto Viana fez da obra em 1989, «uma iniciação à leitura». Quando digo à minha filha que Plum e Plumete (um ursinho e uma ursinha) são artistas, ela corrige-me de imediato: «“Artistas” não: artisto e artista.» É nestes momentos que a teoria do inatismo, defendida por Noam Chomsky, que diz que o ser humano é provido de uma gramática inata, ou seja, que esta já nasce com a pessoa e vai tomando forma conforme o seu desenvolvimento, se nos impõe mais. Para a minha filha, ainda não há substantivos comuns de dois: o/a artista. E porquê? Porque a «gramática interna» lhe diz que para a generalidade dos substantivos a marcação de género é feita morfologicamente.

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