28.12.09

Espanholismo

Com licença


      «Um dos seus livros levou o título A Igreja com Rosto Humano. Esta pode ser uma ideia-síntese da sua vida, actividade e obra publicada. Foi um dos teólogos que mais influenciaram a doutrina de abertura do Concílio Vaticano II (1962-65), que procurou dessacralizar a estrutura da Igreja e se envolveu no seu aggiornamento. Edward Schillebeeckx, padre da Ordem dos Pregadores (dominicanos) e teólogo, morreu dia 23, antevéspera de Natal, em Nimega (Holanda), aos 95 anos» («O teólogo best-seller que quis pôr o catolicismo a falar com o mundo», António Marujo, Público, 27.12.2009, p. 13). «Levou o título»? Pode não ser, mas cheira-me a espanholismo. Parece-me o llevar na acepção tener, estar provisto de. A propósito, o étimo, é claro, é o mesmo, o latino levāre, que significava «levantar».
      Neste mesmo texto de António Marujo, também se lê: «No Vaticano II, o teólogo deixou a sua marca de água em dois documentos fundamentais: as constituições Dei Verbum, sobre a revelação divina, e Lumen Gentium.» Não seria melhor ter escrito somente «marca»? É que o vocábulo, nesta acepção, já é um sentido derivado: traço distintivo por que se reconhece alguém ou algo; estilo ou maneira pessoal. Para que é preciso a locução?

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