«Em Xá dos Xás, o meu livro preferido, ele narra o desabamento do Xá do Irão e a chegada da ditadura religiosa do ayatollah Khomeini. Ora, qualquer revolução, qualquer fim de regime decorre de um conjunto de causas» («O país dos indiferentes», Pedro Lomba, Público, 4.2.2010, p. 32).
É muito mais comum lermos ditadura teocrática, que considero mais correcto. (Veja, caro F. A.: aqui, «Xá», mas umas linhas atrás, isto: «Sócrates tem direito às suas opiniões sobre a sanidade de Crespo, assim como Crespo pode replicar que os complexos de perseguição do primeiro-ministro também merecem diagnóstico clínico.») É muito raro não encontrarmos imprecisões nas crónicas de Pedro Lomba. Não raro também, é traído pela ambição de desmontar chavões e frases feitas, o que acarreta sempre o risco de um fragmento lhe saltar para os olhos. «Mas o mais admirável do livro é o facto de Kapuscinski nos brindar com uma descrição psicológica de como as pessoas se fartam. Aí está: os detalhes. Qual é o gatilho que atiça a revolta?» Desde quando é que os gatilhos atiçam seja o que for?
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4 comentários:
Aí por Portugal já não se usa a forma "aiatolá"?
Usamos, sobretudo nas traduções, aiatola.
Meu caro Helder Guégués: Registo a sua benevolência para com o plumitivo Pedro Lomba. Cá para mim, quem, por exemplo, escreve "Onde o caso se torna ou pode tornar em bem mais do que coscuvilhice está nesta frase..." escreve mal. Quanto ao conteúdo da crónica, não é matéria que interesse a este blogue. Não sei se é mais escorreito do que a forma, mas isso não vem ao caso. Bem vistas as coisas, mais vale um mau artigo bem escrito do que um mau artigo mal escrito.
Conteúdo vs. Forma. Tem razão: não interessa a este blogue o conteúdo (e só é pena alguns leitores ainda não terem, passados quatro anos, compreendido isso) mas somente a forma. E esta, na crónica citada, é medíocre. A frase que refere manqueja claramente, mas eu não posso repetir-me mais.
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