Quando um leitor me exprobrou por eu ter usado num comentário a locução imprensa escrita, esqueceu-se de dar uma olhadela aos dicionários (ou a alguns) e de reflectir. Vejamos. Se a acepção mais corrente de imprensa é conjunto dos jornais e publicações afins, não nos podemos esquecemos de outra acepção, registada em alguns dicionários: os meios de comunicação social. «2009 foi um mau ano para a imprensa escrita» (Alexandre Elias, Diário de Notícias, 19.3.2010, p. 58).
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1 comentário:
Os dicionários, como certamente concordará, não são "Deus na Terra" e os jornais não são exemplo para ninguém (sim, deviam-no ser, nós sabemos).
Tudo se resolve através de a observação ponderada da
solidariedade lexical em causa.
O nome "imprensa" implica, semanticamente, uma realidade que se associa ao acto de imprimir, por processos mecânicos ou digitais, imagens ou texto. Os contextos em que o verbo a ele associado surge mostram-no:
a) O texto está impresso.
b) A máquina tem imprimido muitos jornais.
c) O Jornal de Notícias está impresso.
d) * O Jornal das 9 da SIC está impresso.
e) * O jornal da TSF está impresso.
Os exemplos mostram as limitações do campo semântico do termo. Infelizmente, por extensão semântica, começou a difundir-se a expressão "imprensa escrita", que consiste numa redundância e num pleonasmo deselegante e ridículo. Pois, se é imprensa, já é escrita. Uma imprensa não escrita é paradoxal.
O erro está no emprego da solidariedade lexical em vez de alternativas que existem:
a) Os meios de comunicação social.
b) Os media (em latim).
c) Os mídia (em português do Brasil).
Reconheço que é útil distinguir, por vezes, meios de comunicação social que fazem uso da letra impressa. Talvez a perífrase "os jornais e revistas" possa desempenhar esse papel. Sempre fica mais elegante e menos ridículo do que a redundância "imprensa escrita".
c) O
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