6.8.10

Hífen

Ideias pouco firmes


      Poucos aspectos na escrita são menos estáveis e arbitrários como o uso da maiúscula. Veja-se este caso. «Todos os meios operacionais disponíveis foram mobilizados e, no hospital militar de Penteli, na área metropolitana de Atenas, os doentes foram transferidos por precaução, tendo as autoridades anunciado que vários navios da guarda-costeira estavam prontos a participar em operações de evacuação» («Mar de chamas ameaça Atenas», Paulo Madeira, Correio da Manhã, 24.08.2009, p. 28). «Chegam hoje a Lisboa os nove luso-espanhóis, três adultos e seis crianças, que foram resgatados na tarde de anteontem pela guarda costeira turca, depois de o iate em que viajavam ter pegado fogo e afundado, no mar Mediterrâneo» («Portugueses salvos de iate em chamas», Helder Almeida, Correio da Manhã, 30.07.2010, p. 18). «A tripulação de um helicóptero da Guarda Costeira britânica chamada a investigar um barco à deriva junto à costa de Gales deparou com uma cena, no mínimo, inusitada: 10 homens todos nus, de garrafas de álcool na mão e em evidente estado de embriaguez, a tentar pescar qualquer coisa» («Barco à deriva com homens nus», Correio da Manhã, 4.08.2010, p. 32).
      É certo e sabido: se se trata da britânica ou da norte-americana, os jornalistas (e isto passa-se também noutros jornais) acham que lhes quadra inequivocamente a maiúscula; se se trata de outros países, já pensam que não merece mais que a minúscula. Ideias pouco firmes, falta de critério, é o que é. E temos aqui, já viram, outra inconsistência: ora «guarda-costeira» ora «guarda costeira». Ora, já aqui vimos que se deve reservar a palavra composta para designar o elemento que integra essas forças: guarda-fiscal, guarda-florestal, guarda-marinha, guarda-nocturno, guarda-republicano, guarda-vermelho, etc.

[Post 3763]

1 comentário:

Francisco Agarez disse...

O Público deu-me hoje uma hifenização que me cheirou a esturro: "banda-desenhada". Será que estou errado?