22.11.10

Acordo Ortográfico

A mortalha da língua


      «Mais uma reforma? Deus nos acuda. Cada reforma ortográfica é uma convulsão no idioma. Admite-se de século a século. De oito em oito dias, é demais... Antes brincar com fogo ou com bombas atómicas. Não há reforma ortográfica tão subtil que possa satisfazer qualquer inteligência. Todas têm defeitos. São obras humanas, eivadas de paixão, tocadas de bairrismo, não podem servir todos os intelectos. A de 1911, para mim, é a menos defeituosa. As seguintes, querendo corrigi-la, pioraram-na, principalmente a da mãi. A de 1945... Portugal perde nela, ainda hoje, o seu carácter. Mas, Deus a conserve. Outra que venha será porventura a mortalha da língua portuguesa» (A Língua Portuguesa, João de Araújo Correia. Lisboa: Editorial Verbo [s/d, mas de 1959], p. 40).

[Post 4105]

1 comentário:

Anónimo disse...

Talvez soe imprevisto, mas não comungo do escarcéu que de ordinário se faz a propósito de convenções sobre a forma escrita das palavras, contanto que simplifiquem o que razoavelmente for possível.
(Ainda que se omitisse o nome do autor do trecho citado, quem o frequenta identificá-lo-ia facilmente por aquele «mas» seguido de vírgula, ocorrência, para não lhe chamar tique, habitual no grande escritor da Régua - um clássico de hoje, como justamente o classificou João Bigotte Chorão.)
- Montexto