«As autoridades acreditam em que os jovens foram assassinados pela mesma pessoa, mas não têm qualquer indício sobre os motivos de tão bárbaro crime» («Mistério envolve morte de jovens», Paulo Madeira, Correio da Manhã, 23.11.2010, p. 38).
Transitivo indirecto, o verbo acreditar? Bem, talvez, mas hipercorrecção não é só exagero — é erro.
[Post 4119]
Actualização no mesmo dia
O jornalista Alexandre Panda anda a ler os artigos do colega Paulo Madeira (ou será ao contrário?), e isso só lhe faz mal: «O Ministério Público de Felgueiras acredita em que ambos agiram em cumplicidade para que a ex-autarca recebesse as despesas que só lhe podiam ser reembolsadas depois da decisão judicial ter transitado» («Câmara pagou 83 mil euros a advogado», Alexandre Panda, Correio da Manhã, 23.11.2010, p. 34).
12 comentários:
OU, dito de outra forma, redundância: a preposição (em) e a conjunção (que) têm exactamente a mesma função: integrar o elemento sintáctico que se segue - o complemento directo. Assim sendo, para quê a preposição? Para retirar a legibilidade? O mesmo se passa com o "duvidar de que", tão caro a certas almas ciosas de uma pretensa correcção linguística.
Não percebo o erro. Não é o mesmo caso de dizer "precisar de que..."? Até onde sei, a conjunção não exclui a necessidade da preposição. Discorra, Helder.
A transitividade ou intransitividade verbal não é matéria assim tão «assente e definida» (como se canta na «Pedra Filosofal»), e, se de ordinário se exprime por preposições quais «de» e «em», os factos da língua estão aí para demonstrar a prática comum, e até já dos clássicos, de muitas vezes se suprimirem tais palavrinhas. Procure-se, e facilmente se achará, por exemplo: «advertir que…, advertir em que…, advertir de que…, atentar em…, atentar em que…, atentar que…, certificar que…, certificar de que…, informar que…, informar de que…, folgar que…, folgar de que…, folgar em…, reparar que…, reparar em que…, reparar para…, hesitar em…, hesitar se…, hesitar sobre se…, desconfiar que…, desconfiar de que…, suspeitar que…, suspeitar de que…, etc., etc. E quem não ouve e não lê todos os dias «gosto de…, gosto de que…, gosto que…» (este último e outros casos que tais, cuido que já os vi exprobrados mais de uma vez).
Apesar de tudo, talvez não seja mau ir lembrando com Rodrigo de Sá Nogueira («Dicionário de Erros e Problemas de Linguagem», Clássica Editora, p. 153): «Duvidar de que – Diga-se “eu duvido de que isso tenha acontecido”, com a preposição “de”. Não se diga, pois, “eu duvido que isso tenha acontecido”, sem a preposição “de”. Quem duvida “duvida de alguma coisa”, e não “duvida alguma coisa”. – Cf. os artigos: “Estar convencido de que”, “Estar certo de que”, “Estar seguro de que”».
E o próprio Mário Barreto, a quem Clóvis Monteiro classificou de «Mestre que tem e pode ter Mestres por discípulos», e de quem Evanildo Bechara disse que «excedeu a todos, entre os brasileiros, pelo volume de livros publicados e pela competência revelada, embora, nos preâmbulos dos seus livros, insistisse, modestamente, em repetir que se contentava “com ser soldado da última fila”», o próprio Mário Barreto escreveu: «Não me penitencio de ter escrito esta frase: “Ele nem um momento suspeitou de que tivesse sido iludido”, pois vejo no "Dicionário Contemporâneo" que “suspeitar” também pode ser verbo intransitivo com a prep. “de”. Além disso, estribo-me em Camilo: “Tomásia realça em epistolografia, fazendo suspeitar o sogro de que anda ali cachimónia de maior cunho.” ("O sangue", cap. XV, página 172)» ("Através da Gramática e do Dicionário", em co-edição com o Instituto Nacional do Livro – Fundação Nacional Pró-Memória – e com a Fundação Casa de Rui Barbosa, Ministério da Cultura, Presença, Rio de Janeiro, 1986, Colecção Linguagem, 26, 4.ª edição, cap. XII, p. 74 e 75).
E quem não se surpreende hoje com este passo de Vieira ("Sermões", VII, 13, § 8, 470, p. 444): «Ninguém lhe poderia duvidar a grande parte que tiveram na nossa vitória», em que duvidar se emprega como transitivo? (Cf. «Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira», «duvidar»).
Enfim, «there are more things in heaven and earth, and mainly in language, and portuguese language, good readers, than are dreamnt of in our philosophy».
Montexto, à guisa de Hamlet.
Bem, o Helder não discorreu, mas veio-me o colega Montexto ao socorro.
Este tema da supressão das preposições encontrei-o agora mesmo tratado ex professo por Mário Barreto no «Através do Dicionário e da Gramática», cap. LXIX, da página 378 à 390, no sentido que atrás esbocei, páginas em que este grande mestre alega com inúmeras abonações tanto do uso das preposições como da sua omissão, e que se podem resumir em que, «Quando um verbo tem por complemento uma proposição subordinada que começa por "que", esta conjunção toma preposição se o verbo a exigir quando o seu complemento é um substantivo: "Esse homem não gosta de que o contradigam", por o verbo "gostar" se construir com "de": "gostar de doces". "Davam sinais de que iam contentes", porque, se o complemento de sinais fosse um nome, levaria "de". Do mesmo modo "estou certo de que ..., estou persuadido de que ..., isto deu ocasião a que ...". Os nossos clássicos, porém, costumavam calar a preposição», e seguem-se páginas de exemplos.
– Montexto
Então, no seguimento desse raciocínio, o verbo 'acreditar' também deveria ser sempre seguido de preposição.
Comparemos as seguintes estruturas com o verbo 'gostar':
Eu gosto da Maria / Eu gosto dela
Eu gosto dos poemas que escreves / Eu gosto disso
Eu gosto de nadar / Eu gosto disso
Eu gosto de que me ofereçam flores / Eu gosto disso
com as estruturas com o verbo 'acreditar':
Eu acredito na Maria / Eu acredito nela
Eu acredito na verdade e na justiça / Eu acredito nisso
Eu acredito que vais ganhar as eleições / ??Eu acredito isso
Soa-vos bem 'eu acredito isso'?
É que se fizermos o teste de pronominalização, eu prefiro 'eu acredito nisso'. Nesse caso, tal como acontece com 'gostar' e afins, não teria de se introduzir também a preposição quando 'acreditar' é seguido de uma oração completiva?
Os dicionários de regência preposicional só apresentam a preposição antes de sintagmas nominais. Mas, de acordo com esta lógica, e apesar de soar extremamente mal ('acredito em que vais ganhar as eleições'), essa não deveria ser a forma correcta?
Devia.
Asim como devia ser: folgo em, folgo de que, gostar de, gostar de que, dar sinais de, dar sinais de que, estar certo de, estar certo de que, dar ocasião a, dar ocasião a que, estar persuadido de, estar persuadido de que, avisar de, avisar de que, prevenir de, prevenir de que, informar de, informar de que, etec., etc., mas já se disse que os exemplos clássicos abonam tanto essas construções como as que omitem a preposição, e portanto: acredito que, creio que, folgo que, gosto que, dar sinais que, estar certo que, dar ocasião que, estar persuadido que, avisar que, prevenir que, informar que, etc., etc.
Talvez a elipse das preposições nasça do giro algo afectado da sua articulação nestes casos, e do menor esforço
de as saltar...
Mas nada como ler os citados passos de Mário Barreto.
- Montexto
Agradeço o seu comentário, Montexto.
Mas, sendo assim, se em frases com completiva também deveria ocorrer a preposição, continuo sem perceber porque é que o Helder considera as estruturas com preposição um erro ("hipercorrecção não é só exagero — é erro").
Na sua comparação com estruturas com 'gostar' ou 'duvidar', o Montexto defende que a forma correcta é a que apresenta a preposição (como todos aprendemos), embora existam abonações sem preposição (a questão das abonações de clássicos e do gramaticalmente correcto não é consensual) e a tendência geral seja para a sua eliminação (muito por culpa do registo oral, da economia da língua e da perda cada vez mais acentuada do significado da preposição, ou não fosse uma palavra gramatical).
Mas o que importa aqui realçar é que a estrutura 'gostar de que' está correcta (independentemente de se achar que 'gostar que' também possa estar).
Nesse sentido, no caso de 'acreditar', se a forma correcta devia ser 'acreditar em que', porque é que no post se diz que está mesmo errada?
Será só por a preposição aqui ter caído num desuso tal que a expressão ficou obsoleta? É mesmo muito mau usá-la?
Eu por mim abundo no que acaba de expor. E à sua penúltima pergunta respondo: talvez; e à última: não.
- Montexto
Podemos acreditar de uma vez por todas em que «acreditar em que…» é bom português. Não, certo, porque seja eu a afirmá-lo – «ego homini pusilululo», – mas o eminente professor de língua portuguesa que foi Mário Barreto, firmado na «veneranda autoridade dos exemplos clássicos». Ouçamo-lo uma derradeira vez sobre a questão no seu «Através da Gramática e do Dicionário», cap. XXVII, p. 149 e ss.
Começa por responder à pergunta sobre se «falar em que…» é correcta, e afirma que «É correctíssima. “Falar” admite as preposições “com”, como as palavras cuja significação entranha em si mesmo a concomitância doutra coisa ou pessoa: “Gil fala com Joana; a”: Ele encarregava-se de fala “a” meu pai; “de, em, sobre” alguma coisa: Falei-te “de” uma expedição que desejo tentar – Clotilde falava “de” seus filhos – Não me falem “nela” – As histórias hão-de falar “nele” e “em mim”. Usa-se também como impessoal, com o pronome “se”, para significar que corre um boato ou notícia ou para dar a entender que um assunto foi objecto de discussão: “fala-se” de assassinato; “falou-se” de muitas coisas; “fala-se” de negócios. Se com os substantivos simples, regularmente precedidos de preposição, dizemos: “falou-se” em eleições”, o mesmo acontece com os substantivos-oração: Falou-se mesmo “em” que procura associar-se com alguns industriais franceses. Se, por exemplo, dizemos “não dou importância” à “tua intervenção”, “insistir” num “ponto da questão, “confiar” na “amizade”, igualmente diremos: “Não dou importância A QUE ELE INTERVENHA neste negócio” – “O povo da freguesia de *** amotinou-se, opondo-se A QUE se fizesse no adro da igreja o enterramento de um cadáver” – “Desculpa-se COM QUE TU INTERVÉNS” – “Insisto EM QUE uma rapariga da tua classe social e da tua educação não pode enamorar-se assim, como uma louca” – “Confio EM QUE uma mudança de instituição há-de salvar isto.”
»Diz-se: Concordar “no” preço, conveio “na” proposta que lhe fiz, empenhar-se “em” agradar, ter interesse “num” negócio, inclinamo-mos “a” uma opinião, suspeitar “de” um criado, fazer votos “por” alguma coisa, procura-se o meio de obstar “a” esse golpe, não pensar “em” coisa alguma… E com orações caracterizadas pelas mesmas preposições: As aristocratas concordam “em que” a boa educação falta quase em absoluto entre nós – Convenho “em que” Irene é uma bonita moça. – Empenhou-se “em que” me acompanhes. – Tenho interesse “em que” chegue. – Inclinamo-nos “a que” ela existiu até ao ano de 1727. – José de Sousa queixou-se à polícia “de que” lhe furtaram o relógio e corrente de ouro. – Suspeita-se “de que” tenha havido crime. – Fazemos votos “por que” s. s.ª se recolha em breve ao seio dos seus numerosos amigos. – Prometeu-lhe obstar “a que” seu pai lhe fizesse alguma violência. – Tenho pensado “em que” a nossa situação é terrível.»
E continua com o verbo «crer», que está no mesmo caso do verbo «acreditar», assim como do verbo «confiar», já tocado acima: «Com o verbo “crer” intransitivo, dizemos “crer em” (ter confiança em, ter fé em): “Creio ‘em’ Deus Padre todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e ‘em’ Jesus Cristo, seu único Filho.” – Crer “em” milagres. – Crer “na” imortalidade da alma, etc. E com a mesma preposição antes de uma oração: “… e embora cresse “no” amor dele e “em que” ele nunca a esquecia, pesava-lhe muito a ausência.” (Afonso Lopes Vieira, “O romance de Amadis”, p. 31). E com “crente”, particípio activo de “crer”: “Vá o menino, vá já, já, dizer a João Pinto Ribeiro que os nossos inimigos ainda estão “crentes em que” o duque parte.” (Almeida Garrett, “Filipa de Vilhena”, act. I, sc. II). Diz-se igualmente “crente de que”: “Estava crente ‘de que’ os bandidos apenas queriam roubar Orlando”, e como às vezes, antes de “que”, tanto nas orações-“genitivo” como nas orações “ablativo”, se cala o nexo prepositivo especificador, aparecem exemplos como este: “Falo com a minha pobre morta e estou “crente que” ela me ouve.” Com o verbo “concordar”, a que acima fizemos referência, encontrámos há pouco este exemplo numa crónica enviada de Coimbra para o “Diário de Notícias”, de Lisboa, n.º de 29-10-1924: “Assinado o documento, essa senhora mandou servir-nos chá e doces, ‘concordando o escrivão e as testemunhas “que” nunca tinham comido doces tão esmeradamente fabricados.” O nosso querido Camilo disse “em”, para exprimir o ponto acerca do qual se convém: “Concordemos ‘em que’ o tipo, que mereceu a especial simpatia do sábio por excelência, deve ser o eterno tipo do belo.” (“A filha do arcediago”, cap. VI, p. 61). Precedida da mesma prep. “em”, junta-se uma or. de “que” aos verbos “concordar” e “convir” nos seguintes exemplos: “Discreteou-se sobre as necessidades públicas, concordando todos ‘em que’ era excelente construir um caminho de fero através da Beira.” (Andrade Corvo, “O sentimentalismo”, p. 104). – “… e todos convieram ‘em que’ a permanência de D. Leonor no paço de Alcáçova importava perigo à débil e mal compleiçoada senhora.” (Cândido de Figueiredo, “Amores de um marinheiro”, p. 9). No seguinte trecho, porém, Camilo suprimiu a prepos. “em”: “Fortunato de Brito ‘conveio’ que o seu agente era infame maior da marca.” (“O cego de Landim”, cap. III. pág. 27).
E no cap. XXXIV, págs. 186-187, dá mais um exemplo de Camilo de «falar em que»: «“O snr. Joãozinho inda há-de vir a ser um grande homem! Olhe que ele já serviu três anos de juiz ordinário em Cabeceiras de Basto, e ‘fala-se em que’ vai para deputado, e ele já disse que em sendo deputado, não volta à terra sem vir comendador ou barão!” (“O Morgado de Fafe Amoroso”, comédia, acto III, sc. XI).»
E já que veio à colação o verbo «falar» transitivo («falar coisas», «falá-las», etc.), sobre a genuinidade portuguesa do qual se exprimiram dúvidas em passo deste blogue, de Novembro próximo pretérito, podem ver-se abonações no lugar citado abonações desde o «nosso primeiro fabulário “O Livro de Esopo”».
Enfim, também aqui se pode dizer que, «Se a nossa fala, além das locuções correntes e comuns, nos ministra outras formas, quiçá menos comuns, mas nada desregradas, nada incorrectas, não chego a compreender porque se haja de censurar a quem julga oportuno servir-se delas, quando nem o uso as rejeita, nem a razão as reprova, nem a autoridade as condena».
- Montexto
E continua com o verbo «crer», que está no mesmo caso do verbo «acreditar», assim como do verbo «confiar», já tocado acima: «Com o verbo “crer” intransitivo, dizemos “crer em” (ter confiança em, ter fé em): “Creio ‘em’ Deus Padre todo-poderoso, Criador do céu e da terra, e ‘em’ Jesus Cristo, seu único Filho.” – Crer “em” milagres. – Crer “na” imortalidade da alma, etc. E com a mesma preposição antes de uma oração: “… e embora cresse “no” amor dele e “em que” ele nunca a esquecia, pesava-lhe muito a ausência.” (Afonso Lopes Vieira, “O romance de Amadis”, p. 31). E com “crente”, particípio activo de “crer”: “Vá o menino, vá já, já, dizer a João Pinto Ribeiro que os nossos inimigos ainda estão “crentes em que” o duque parte.” (Almeida Garrett, “Filipa de Vilhena”, act. I, sc. II). Diz-se igualmente “crente de que”: “Estava crente ‘de que’ os bandidos apenas queriam roubar Orlando”, e como às vezes, antes de “que”, tanto nas orações-“genitivo” como nas orações “ablativo”, se cala o nexo prepositivo especificador, aparecem exemplos como este: “Falo com a minha pobre morta e estou “crente que” ela me ouve.” Com o verbo “concordar”, a que acima fizemos referência, encontrámos há pouco este exemplo numa crónica enviada de Coimbra para o “Diário de Notícias”, de Lisboa, n.º de 29-10-1924: “Assinado o documento, essa senhora mandou servir-nos chá e doces, ‘concordando o escrivão e as testemunhas “que” nunca tinham comido doces tão esmeradamente fabricados.” O nosso querido Camilo disse “em”, para exprimir o ponto acerca do qual se convém: “Concordemos ‘em que’ o tipo, que mereceu a especial simpatia do sábio por excelência, deve ser o eterno tipo do belo.” (“A filha do arcediago”, cap. VI, p. 61). Precedida da mesma prep. “em”, junta-se uma or. de “que” aos verbos “concordar” e “convir” nos seguintes exemplos: “Discreteou-se sobre as necessidades públicas, concordando todos ‘em que’ era excelente construir um caminho de fero através da Beira.” (Andrade Corvo, “O sentimentalismo”, p. 104). – “… e todos convieram ‘em que’ a permanência de D. Leonor no paço de Alcáçova importava perigo à débil e mal compleiçoada senhora.” (Cândido de Figueiredo, “Amores de um marinheiro”, p. 9). No seguinte trecho, porém, Camilo suprimiu a prepos. “em”: “Fortunato de Brito ‘conveio’ que o seu agente era infame maior da marca.” (“O cego de Landim”, cap. III. pág. 27).
E no cap. XXXIV, págs. 186-187, dá mais um exemplo de Camilo de «falar em que»: «“O snr. Joãozinho inda há-de vir a ser um grande homem! Olhe que ele já serviu três anos de juiz ordinário em Cabeceiras de Basto, e ‘fala-se em que’ vai para deputado, e ele já disse que em sendo deputado, não volta à terra sem vir comendador ou barão!” (“O Morgado de Fafe Amoroso”, comédia, acto III, sc. XI).»
E já que veio à colação o verbo «falar» transitivo («falar coisas», «falá-las», etc.), sobre a genuinidade portuguesa do qual se exprimiram dúvidas em passo deste blogue, de Novembro próximo pretérito, podem ver-se abonações no lugar citado abonações desde o «nosso primeiro fabulário “O Livro de Esopo”».
Enfim, também aqui se pode dizer que, «Se a nossa fala, além das locuções correntes e comuns, nos ministra outras formas, quiçá menos comuns, mas nada desregradas, nada incorrectas, não chego a compreender porque se haja de censurar a quem julga oportuno servir-se delas, quando nem o uso as rejeita, nem a razão as reprova, nem a autoridade as condena».
- Montexto
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