5.1.11

Velas e watts

Alumiem-nos


      Diz aqui o poeta (não, não posso revelar o nome, só a grandeza. Que poeta!) que era madrugada e a luz que a cozinha tinha dava-a uma «lâmpada de quinze velas». Há quanto tempo não via a palavra ser usada nesta acepção! O Dicionário Houaiss regista que é «qualquer medida de luminosidade que fornece a potência de uma fonte de iluminação». Não é, contudo, uma forma de dizer popular, imprecisa, não científica, por watts? Não faz parte, tanto quanto sei, do Sistema Internacional de Unidades (SI). Esperemos que Fernando Ferreira nos possa esclarecer.

[Post 4278]

4 comentários:

Anónimo disse...

Tem razão, não faz parte do Sistema Internacional de Unidades. No SI a unidade de potência é o watt (W).

Anónimo disse...

A atual unidade de intensidade luminosa do SI é a candela.

Talvez o seguinte extrato (do Dicionário Ilustrado de Marinha, da autoria do Comandante António Marques Esparteiro, Livraria Clássica Editora, Lisboa, s. d. como era habitual nas publicações do tempo do Estado Novo mas provavelmente dos anos 50), embora desatualizado, possa contribuir para o esclarecimento do assunto.

"Vela - Unidade de intensidade luminosa que, quando dada na Lista dos Faróis, indica a potência do farol. Há diversas unidades de intensidade luminosa: bico Carcel, vela inglesa, vela Hefner, vela decimal, violle e vela internacional. (...) Uma vela internacional equivale a 0.102 bicos de Carcel, 0.97 velas inglesas, 1.11 velas Hefner, 0.981 velas decimais e 0.049 violles. Na Lista de Faróis portuguesa, a intensidade luminosa é dada em milhares de velas internacionais. "

- Alberto Sousa

Anónimo disse...

«Imprecisa, popular, não científica», características que costumavam assentar bem ao estro.

Outra coisa:
Leio no oportuno artigo «Boaventura na teoria e na prática», de Pedro Lomba («Público», 04.01.2011), o seguinte: «Eis o que ele [o Prof. Boaventura] tem a dizer sobre Israel: “Resulta muito estranho que Israel […] esteja tão ausente dos documentos confidenciais [revelados pela WikiLeaks]»; e prossegue mais adiante: «Resulta muito estranho que Boaventura dê logo por adquirido que “toda a gente esperava que, havendo uma libertação de documentos, Israel fosse o País mais embaraçado.”»
Ora bem: o verbo «resultar», empregado deste modo tão generalizado «modernamente», como copulativo: eis aí, sim, mais um adminículo para a castelhanização da língua (já causticado, v. g., por Botelho de Amaral e na «Portuguesa e Brasileira»).
Pelourinho com ele!
- Montexto

Anónimo disse...

Confirmo a informação dada pelo Sr. Alberto Sousa: tanto a vela como as outras unidades referidas no seu comentário são antigas unidades de intensidade luminosa (não confundir com intensidade ou com potência), usadas durante a primeira metade do século XX. Todas estas unidades foram abolidas entre 1946 e 1948, altura em que se introduziu a candela (cd). Trata-se, portanto, de unidades específicas do domínio da fotometria. O watt é uma unidade de potência, pelo que não é comparável à vela. E, apesar de a antiga vela e a actual candela serem ambas unidades da mesma grandeza física (intensidade luminosa, repito), é impossível, por motivos históricos que não interessa aqui desenvolver, estabelecer uma fórmula de conversão exacta entre elas.

Fernando Ferreira