Senhor engenheiro
«Por outro, a força e magnetismo da sua música eram tais que muitos reagiram por antinomia, indo buscar elementos a universos exteriores à tradição erudita e, inclusivé, europeia, ou então recuperando elementos caídos em desuso, inaugurando as várias tendências que lançaram um olhar retrospectivo e selectivo sobre a música de épocas prévias ao Romantismo» («As seis décadas que mudaram a face e a geografia da música», Diário de Notícias, 15.04.2011, p. 51).
Sem acento, senhores jornalistas: inclusive. E o romantismo não precisa de aparecer assim grelado, já que os nomes de movimentos artísticos, literários, políticos, etc., terminados em –ismo se escrevem com minúscula inicial: romantismo. Uma empresa de engenharia (posso dizer o nome?) anda aqui no prédio e, numa das reuniões (gostam muito de reuniões, estes tipos), o chefe disse que faltavam /aitens/ no caderno de encargos. Ri-me, mas disfarcei bem.
[Post 4704]
6 comentários:
Teve sorte. Não se tratava de áitames.
Cumpts.
Ria-se vossemecê sem disfarçar e pensarão que ensandeceu. Alcança hoje em dia, porventura, o português médio (engenheiros e licenciados) o seu desdém? Ou uma simples vogal átona, aberta, em sílaba final que seja!...
Cumpts.
Imaginei inclusivé como uma gralha tipográfica ou erro de digitação, mas o Houaiss explica.
O Houaiss recomenda a inicial maiúscula para Romantismo. Quais são as suas razões para defender o contrário? Obrigada.
Não há nada que não se possa explicar e até sustentar durante os tais cinco minutos de que falava Cândido de Figueiredo, o das deficiências gramaticais.
— Montexto
P.S. — Quanto aos «aintens»:
O Lusíada, coitado, com a sua manha proverbial, já percebeu que, chegados aonde chegámos em matéria de língua, se presumir que tudo o que se lhe depare com ar franduno é bife, raro se enganará, e procede em conformidade.
E, realmente, no português, qual hoje o vês,/ com muita presunção e dois dedos de inglês,/ acertas mais que de quando em vez.
— Montexto
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