8.5.11

Catacrese

São só favas

      «Para quem ficou com água na boca, Hélio Loureiro revela os melhores truques para realçar o sabor das favas, como retirar-lhes a ‘camisa’, para ficarem mais macias. “A gordura e um toque de açúcar são também importantes”, lembra» («Malditas favas», Joana Ludovice de Andrade, Sol, 29.04.2011, p. 40).
      Quanto à gordura e ao açúcar, confirmo, a minha mãe ensinou-me o truque. Em relação à «camisa», parece-me catacrese escusada, pois sempre ouvi que as favas têm casca e pele. Porque, se a pele é a camisa, a casca é o casaco.
      A fava, sabiam?, é rica em iodo, e quem fala em iodo lembra-se de Marinho e Pinto e da recomendação que fez ao cronista Manuel António Pina (que aqui nos asseguram «que por acaso é um dos maiores portugueses vivos» — como é por acaso, custa menos a acreditar): «Senhor Manuel António Pina, não se atormente mais. O seu mal cura-se com uma dose apropriada de iodo. Trate-se! Vá para uma boa praia e... Ioda-se!»


[Post 4758]

4 comentários:

Anónimo disse...

Ou seja: caldeirada de favas modernas, com as quais o espírito opila, e a língua não medra, como diria Camilo. Mas convenha-se em que aqui há personagem digna da farsa vicentina mais farsola, ou do bestiário que mestre Gil deixou no tinteiro.
— Montexto

Bic Laranja disse...

Conceda-se; do manifesto anti-Pina do & Pinto tira-se a boa tirada. "Vá para uma boa praia e... ioda-se!" é um trocadalho iodido. Estrondoso. Valha-nos Deus agora de lhe servir favas. Pum! Pimba!

Venâncio disse...

Que o Manuel António Pina é um cronista de excepção (leia-se a sua antologia «O Anacronista», da Afrontamento) já eu o sabia. Mas que ele inspira eficazmente cronistas desbragados (ou camiões destravados?), isso ainda me escapava.

Acho que & Pinto (boa graça do Bic) tem, na sua profissão, um papel no nosso meio. Mas é, como debatente, e (vejo agora) como polemista, um tanto baratucho.

Anónimo disse...

Um papel... terá, posto que não propriamente no nosso «meio», mas no nosso fim.
- Mont.