Falar por catacreses
«[…] e por isso mesmo seria devastadoramente mais esperto, para o seu tempo.» Um toque queirosiano? Hum... «Noutras línguas acontecem casos semelhantes. Por exemplo, em inglês awful é medonho; o que não impede, em calão (em slang), se diga — She is awfully beautiful, ou seja, à letra, é medonhamente bela..., mas com o significado de — é formidàvelmente (extraordinàriamente) bela. Ora, os tropos são admissíveis e necessários. Sem êles, nunca poderia a arte literária enriquecer-se de modos de dizer expressivos, brilhantes, ou, melhor, vivos. Tudo tem, no entanto, os seus limites e, à sombra das concessões dos tropos, não podemos abusar do sentido das palavras» (Meditações Críticas sobre a Língua Portuguesa, Vasco Botelho de Amaral. Lisboa: Edições Gama, 1945, pp. 194-95).
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1 comentário:
Um tropo e peras, a catacrese!
- Montexto
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