9.10.07

Ir para o maneta

Frase feita

A propósito do lançamento de várias obras sobre a História de Portugal, escrevia José Gabriel Viegas na revista Actual: «Deste conjunto faz igualmente parte Ir Pró Maneta, de Vasco Pulido Valente (Alêtheia). O «Maneta» é o lendário (e famigerado) Louis Henri Loison, general dos Exércitos franceses que participou nas três invasões da Guerra Peninsular. Ficou na história da saga napoleónica sobretudo pela sua total falta de escrúpulos no que tocava à apropriação em proveito próprio dos saques e impostos cobrados em zonas ocupadas e, em Portugal, pela dureza e crueldade com que tratava as populações submetidas. Traços de carácter que deram origem à expressão «ir pró maneta» e que inspiraram numerosas rimas satíricas populares, como esta: “Aos alheios cabedais/ lançava-se como seta/ namorava branca ou preta/ toda a idade lhe convinha./ Consigo três Emes tinha:/ Manhoso, Mau e Maneta.” O livro de Vasco Pulido Valente não se fica, porém, por estes aspectos anedóticos, sendo a figura de Loison o ponto de partida para um ensaio rigoroso e vivo da história das Invasões Francesas» («Regresso à História», José Gabriel Viegas, Expresso/Actual, 5.10.2007, p. 52). De facto, ir para o maneta ou mandar para o maneta passou a significar «escangalhar-se; estragar-se; perder-se (no sentido de não ter recuperação)», conforme pode ler-se no Dicionário de Expressões Populares Portuguesas, de Guilherme Augusto Simões (Publicações Dom Quixote, Lisboa, 1993, p. 376). Orlando Neves, no Dicionário de Expressões Correntes (Círculo de Leitores, Lisboa, 2000, pp. 270-71), cita não apenas estes, mas também outros versos.

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