31.5.09

Sobrenome duplo

Que Churchill nos ajude


      «À medida que Mary fazia mais perguntas, Helen amealhava mais ponto: um marido contabilista numa empresa da City, uma velha mansão, um sobrenome duplo, um potro na cavalariça» (Adultério para Principiantes, Sarah Duncan. Tradução de Ana Mendes Lopes, com revisão da tradução de Ana Maria Chaves. Porto: Asa Editores, 2006, p. 18). A personagem chama-se Helen Weedon-Smith. Analisemos a questão recorrendo a um sobrenome semelhante, por exemplo o dos duques de Marlborough, Spencer-Churchill. George Spencer (1766–1840), 5.° duque de Marlborough, obteve uma licença da Coroa para poder acrescentar o sobrenome Churchill ao sobrenome da família, Spencer, passando a assinar George Spencer-Churchill. Ora, o que sucede é que a segunda filha do primeiro duque de Marlborough, Lady Anne Churchill, se tinha casado com Charles Spencer, 3.° conde de Sunderland (1674–1722). Com a licença real, Spencer-Churchill passou a valer como um só sobrenome — é um apelido composto. O sobrenome Weedon-Smith terá, provavelmente, a mesma génese. À face da lei portuguesa (que reflecte, já aqui o dissemos, regras gramaticais), o conceito de sobrenome duplo designa uma realidade diferente. Sobrenome duplo — um apelido da mãe e um apelido do pai — quase todos os cidadãos portugueses têm, o que se recomenda até para diminuir as probabilidades de homonímia.

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