Alfil
Na revista Actual, do Expresso, na edição de 23 de Dezembro, a propósito de antiguidades, o jornalista José Norton assina um artigo («Xeque-mate») em que afirma que a peça conhecida entre nós como bispo em Espanha tem a mesma forma e se chama «alfil», «palavra que só existe no vocabulário espanhol para designar aquela peça do jogo». Olhe que não. No Grande Dicionário de Língua Portuguesa pode ler-se: Alfil, alfim, s. m. (do ár. al-fil). Peça de jogo de xadrez que representava o elefante e correspondente ao bispo.
O facto de José Pedro Machado, que foi o competentíssimo coordenador do referido dicionário, usar o verbo no pretérito imperfeito do conjuntivo («representava»), remete-nos para o desuso da palavra, não, obviamente, para a sua inexistência. Prova disso é ter o respectivo verbete. De resto, há mais de vinte anos que eu conheço o vocábulo como sendo português. Também o Dicionário Houaiss, bem mais recente, regista o vocábulo, acrescentando apenas tratar-se de um termo antigo e da área do enxadrismo. Já que pergunta, não, o Dicionário da Academia ignora este vocábulo, mas esse não é certamente o pior dos seus defeitos. E não, não considero que isto seja trabalhar para o bispo.
2 comentários:
Mais vale tarde do que nunca: agradeço muito o seu justificado reparo a respeito da palavra alfil.
José Norton
E eu agradeço a sua visita ao meu blogue.
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