13.2.06

Acento circunflexo

O doce veneno dos erros

Nem a beber tranquilamente um café escapamos aos erros ortográficos. Enquanto conversamos com um amigo, olhamos, distraídos, para o pacote de açúcar e lá está: «Salmão é peixe, não é uma côr!» A frase é dos Cafés Nicola, e a empresa, a Nutricafés, confiou que o ilustrador soubesse português. Depois de tantos anos a ouvirmos falar de qualidade, não será chegada a hora de esta se aplicar à publicidade aos próprios produtos? A língua não merece um controlo da qualidade? Talvez não seja arriscado afirmar que ainda o pai do ilustrador não tinha nascido quando o acento circunflexo foi eliminado em palavras como «cor». De cor se devia saber que «cor» prescinde de acento circunflexo desde o acordo ortográfico de 1945 e que antes só existia para estabelecer graficamente a distinção entre palavras com vogal tónica fechada de homógrafas com vogal tónica aberta. Por sorte, o café não se chamava «Flôr das Avenidas»…

2 comentários:

emn disse...

A este respeito (dos erros)convido-o a ver o 1º exemplo, presente no cd da nova terminologia, na área da semântica lexical, para a 'paronímia...
É só um em muitos...

Pedro Bingre do Amaral disse...

De qualquer forma, sinto pena de o circunflexo ter sido tão arredado da ortografia portuguesa. Por disparatado que seja esta ideia, creio que deveríamos a ele recorrer para distinguir môlho/molho, pregar/prêgar (ou deveria ser prégar?), besta (ou deveria ser bêsta?)/ bésta, govêrno/governo, &c. Convivo com inúmeros estrangeiros residentes em Portugal que diariamente se exasperam com a correcta pronúncia de vocábulos assim.