Santos e pecadores
Numa obra de Luigi Pirandello, que estou a ler, deparei com uma personagem secundária que se chama Scolastica (não muito simpática, por sinal). Para a maioria das pessoas, o nome Escolástica apenas evocará o movimento filosófico e teológico da Idade Média, ou a santa do mesmo nome, irmã gémea de S. Bento, ao passo que para mim é sobretudo o nome da minha avó materna. Como em muitas famílias, porém, havia um diminutivo a substituir esse nome de sabor monacal por algo afectivo, doce, carinhoso: Lala. Ora, é a esse diminutivo que se dá o nome de hipocorístico. Em termos rigorosos, esta designação abrange qualquer variante afectiva de um nome próprio e procede do vocábulo grego hypokoristikós, «acariciador». Assim, a Mariana transmuta-se em Nana, a Maria em Bia, a Helena em Lena, o José em Zé, o Joaquim em Quim, o António em Tói, a Francisca em Dinha, a Carlota em Loló, a Filomena em Filó, a Alexandra em Xana, o Guilherme em Gui, a Teresa em Teté, a Josefa em Zefa, o Francisco em Chico, a Maria de Lurdes em Milu, a Maria do Carmo em Micá, a Maria José em Mizé, o José Carlos em Zeca, a Gabriela em Gabi, a Elisabete em Bete, o Manuel em Nelinho, o Alberto em Beto, o Joaquim António em Quitó… Estas formas reduzidas de antropónimos podem resultar de uma linguagem infantil, como se pode ver na sílaba de redobro de palavras como «caca», «chichi», «cocó», «mamã», «papa», «papá», «pipi», «popó», «tautau», «titi» e outras.
Os hipocorísticos também se usam noutras línguas, como o espanhol, em que qualquer Soledad é Sole, uma Remedios é Reme, um Francisco é Paco, um Rafael é Rafa, um Ignacio é Nacho, Consuelo é Chelo, etc. Em catalão, o mesmo, com a curiosidade de o método ser a aférese: uma Montserrat vê-se aliviada em Rat, uma Concepció responde por Ció...
Numa obra de Luigi Pirandello, que estou a ler, deparei com uma personagem secundária que se chama Scolastica (não muito simpática, por sinal). Para a maioria das pessoas, o nome Escolástica apenas evocará o movimento filosófico e teológico da Idade Média, ou a santa do mesmo nome, irmã gémea de S. Bento, ao passo que para mim é sobretudo o nome da minha avó materna. Como em muitas famílias, porém, havia um diminutivo a substituir esse nome de sabor monacal por algo afectivo, doce, carinhoso: Lala. Ora, é a esse diminutivo que se dá o nome de hipocorístico. Em termos rigorosos, esta designação abrange qualquer variante afectiva de um nome próprio e procede do vocábulo grego hypokoristikós, «acariciador». Assim, a Mariana transmuta-se em Nana, a Maria em Bia, a Helena em Lena, o José em Zé, o Joaquim em Quim, o António em Tói, a Francisca em Dinha, a Carlota em Loló, a Filomena em Filó, a Alexandra em Xana, o Guilherme em Gui, a Teresa em Teté, a Josefa em Zefa, o Francisco em Chico, a Maria de Lurdes em Milu, a Maria do Carmo em Micá, a Maria José em Mizé, o José Carlos em Zeca, a Gabriela em Gabi, a Elisabete em Bete, o Manuel em Nelinho, o Alberto em Beto, o Joaquim António em Quitó… Estas formas reduzidas de antropónimos podem resultar de uma linguagem infantil, como se pode ver na sílaba de redobro de palavras como «caca», «chichi», «cocó», «mamã», «papa», «papá», «pipi», «popó», «tautau», «titi» e outras.
Os hipocorísticos também se usam noutras línguas, como o espanhol, em que qualquer Soledad é Sole, uma Remedios é Reme, um Francisco é Paco, um Rafael é Rafa, um Ignacio é Nacho, Consuelo é Chelo, etc. Em catalão, o mesmo, com a curiosidade de o método ser a aférese: uma Montserrat vê-se aliviada em Rat, uma Concepció responde por Ció...