Explique isso melhor
Título do jornal Público (6.3.2006, p. 22): «Peru processa Yale para reaver peças inca». No corpo da notícia, podia ainda ler-se: «A universidade diz que Yale propôs organizar exposições de objectos inca em Yale e num novo museu a construir no Peru.» «Peças inca»? «Objectos inca»? Que espécie de concordância temos nós aqui? É verdade que nos últimos tempos a vejo muito em livros e jornais, o que me causa alguma perplexidade. Em português, os adjectivos concordam com os substantivos. O jornalista deveria ter escrito «peças incas» e «objectos incas», pois que «inca» é um adjectivo. Deve haver aqui confusão com as locuções verbais ou palavras compostas por justaposição, como em escola-modelo, por exemplo, em que entre os dois termos há uma relação de subordinação. Nesses casos, porém, ocorre o oposto: o segundo termo, que é um substantivo, passa a ser encarado, tendencialmente, por evolução regressiva, como um adjectivo.
Se o jornalista for moçambicano ou angolano (mas está a escrever para os Portugueses…), não será de surpreender: nestes países, com a interferência das línguas bantas, a língua adoptou novas soluções, e entre elas o uso da desinência do plural só com o artigo ou com o primeiro nome de uma sequência:
Título do jornal Público (6.3.2006, p. 22): «Peru processa Yale para reaver peças inca». No corpo da notícia, podia ainda ler-se: «A universidade diz que Yale propôs organizar exposições de objectos inca em Yale e num novo museu a construir no Peru.» «Peças inca»? «Objectos inca»? Que espécie de concordância temos nós aqui? É verdade que nos últimos tempos a vejo muito em livros e jornais, o que me causa alguma perplexidade. Em português, os adjectivos concordam com os substantivos. O jornalista deveria ter escrito «peças incas» e «objectos incas», pois que «inca» é um adjectivo. Deve haver aqui confusão com as locuções verbais ou palavras compostas por justaposição, como em escola-modelo, por exemplo, em que entre os dois termos há uma relação de subordinação. Nesses casos, porém, ocorre o oposto: o segundo termo, que é um substantivo, passa a ser encarado, tendencialmente, por evolução regressiva, como um adjectivo.
Se o jornalista for moçambicano ou angolano (mas está a escrever para os Portugueses…), não será de surpreender: nestes países, com a interferência das línguas bantas, a língua adoptou novas soluções, e entre elas o uso da desinência do plural só com o artigo ou com o primeiro nome de uma sequência:
Os engenheiro das obra ganham muito dinheiro.
Engenheiros esperto ganham bem.
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