20.3.06

Sociedade: educação

Por a + b

«O PISA (Program for International Studente Assessment), o maior estudo internacional a avaliar as competências e conhecimentos dos estudantes de 15 anos, tem colocado a Finlândia no topo da tabela dos melhores resultados. Agora, uma investigação mostra que muitos jovens deste país lêem jornais com frequência. E que esse facto ajudará a explicar os desempenhos excepcionais. Até no caso da matemática.
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«Elevados níveis de leitura de jornais apareceram também associados a melhores competências a matemática e à destreza na resolução de problemas ― “em parte isso será explicado com o facto de também nestas matérias os testes do PISA proporem tarefas que estão ligadas, com a ajuda de textos, a situações do dia-a-dia.» («Leitura frequente de jornais associada aos bons resultados dos alunos na escola», Público, 5.3.2006, p. 31)
«O pecado original da Linguística foi o de se afirmar contra a Literatura. Ainda hoje, no ensino do português, há quem receie o cânone literário, por considerá-lo perigoso e manipulador. Também há quem entenda que a disciplina de Português deveria ser distinta da de Literatura. E há ainda quem resvale já para a aceitação de uma norma correspondente à transmitida pelos jornais, pela rádio e pela televisão, embora a comunicação social seja o maior viveiro de erros e imbecilidades de que o país dispõe nesta matéria…» («A gripe das aves e os manuais de português», Vasco Graça Moura, Diário de Notícias, 8.3.2006, p. 10)
Mudamos de país ou de imprensa? Mudamos de métodos ou de professores? Mudamos de programas ou de políticos? Como escreveu uma vez Miguel Esteves Cardoso, as únicas alterações bem-vindas são as que vêm alterar as alterações anteriores. A avaliação e certificação prévias da qualidade dos manuais escolares ainda nos conduzirão bem perto do melhor do negregado livro único: nas palavras de Vasco Graça Moura, no artigo citado, à promoção de «manuais elaborados no respeito pelos programas e aferidos e adoptados com rigor científico e pedagógico».